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Livro “Horto” de Auta de Souza é relançado em conformidade com a primeira edição de 1900

Projeto é organizado por Carlos Castim e Fábio Fidelis e patrocinado pelo Morada da Paz

por: NOVO Notícias

Publicado 7 de dezembro de 2021 às 12:48

Foto: Divulgação

O folclorista Câmara Cascudo referia-se à conterrânea Auta de Souza como “a maior poetisa mística do Brasil”. A célebre potiguar deixou um único livro, “Horto”. Desde então, o livro de poemas foi mutilado por várias alterações nas edições que sucederam a primeira, a ponto de comprometer seriamente a originalidade da obra da jovem poetisa macaibense. Foi por essa razão que Carlos Castim e Fábio Fidelis, em vigoroso trabalho de arqueologia literária, dedicaram-se a reescrevê-lo, de maneira absolutamente fidedigna à primeira edição de 1900, a única lida, aceita e abraçada por Auta de Souza.

Depois de três anos de pesquisa, ocorrerá o lançamento de “Horto – Poemas originais de Auta de Souza em conformidade com a primeira edição (1900)”, na próxima sexta-feira (10), às 19h, na Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL), em Natal. O projeto conta com patrocínio do cemitério, crematório e funerária Morada da Paz.

Publicada originalmente em 1900, a obra apresenta erros de diagramação e descuidos editoriais, o que incomodava o advogado, ex-procurador do Município de Natal, músico, compositor e poeta Carlos Castim. Diante dessa realidade, ele se juntou ao advogado e professor universitário Fábio Fidelis para se devotarem à pesquisa da obra autaniana.

A macaibense integrou a segunda geração romântica e escreveu poemas com influência simbolista e de elevado valor estético, cujos versos refletiam a sua realidade. A primeira edição do seu único livro foi prefaciada por Olavo Bilac, e seus exemplares esgotaram-se em poucos meses. Ademais, os exemplares da obra a qual aborda frustração amorosa, religiosidade, perdas familiares e tuberculose foram recebidos com elogios pela crítica literária.

Ela nasceu em 1876, antes da abolição da escravatura no Brasil, em 1888. “Naquela conjuntura social, ela conseguiu, mesmo sendo mulher e negra, ser reconhecida pela sua qualidade literária”, destaca Castim, acrescentando que, após a morte da autora, aos 24 anos, muitos de seus poemas foram alterados, sobretudo a partir da segunda edição. “Assim, o presente trabalho está rigorosamente de acordo com a primeira edição, a única abraçada e referendada por ela”, orgulha-se o escritor.

O propósito do projeto é resgatar a originalidade do livro e o respeito à memória da autora. “Esse trabalho envolveu uma cuidadosa pesquisa de todas as edições já lançadas no mercado, além dos manuscritos, ‘Dhálias’ e ‘Horto’. O resultado consiste numa edição pequena e numerada. A sensação é estar em posse da primeira edição, de 1900, com a diferença de ser acrescida de notas informativas sobre cada poema alterado, além de pequenos comentários de Câmara Cascudo extraídos da biografia ‘Vida Breve de Auta de Souza’ alusivos aos referidos cânticos”, conclui Castim.

O projeto foi patrocinado pelo Morada da Paz com o intuito de abraçar uma iniciativa que visa resgatar a obra de uma mulher que marcou a história não só do Rio Grande do Norte, mas do Brasil. “Nosso propósito é ajudar a perpetuar histórias e pessoas, especialmente uma personalidade como Auta de Souza e sua obra. O legado das mulheres tem sido constantemente apagado da história ao longo dos séculos e acreditamos que iniciativas como essa chegam para mostrar resistência, presença, resgate e muito valor histórico”, declara o diretor do Grupo Morada, Eduardo Vila.

Toda a renda obtida com a venda dos livros será integralmente destinada às seguintes instituições: Comunhão e Caridade Ave Luz, em Natal, e Fundação Lar Celeste Auta de Souza, em Macaíba/RN.

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