A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (13) um conjunto de investidas que, segundo a companhia, “marcam sua entrada efetiva no setor eólico offshore e a posicionam como maior desenvolvedora de projetos” nesta nova fronteira no Brasil.
Pedidos de licenciamento ambiental para instalação de complexos eólicos em 10 áreas marítimas, com potencial somado de 23 Gigawatts (GW), foram cadastrados pela empresa junto ao Ibama nesta semana e detalhados durante o evento. Os processos de licenciamento preveem projetos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) fará as campanhas de medição necessárias – ou seja, o estudo das condições de vento e mar que embasarão decisões de investimento.
Já a fabricante de motores elétricos, transformadores e geradores WEG está desenvolvendo o modelo de aerogeradores que a companhia pretende usar nos complexos eólicos. A máquina terá 7 Megawatts (MW) – a maior potência em um aerogerador brasileiro.
Serão 220 metros de altura, o equivalente a seis estátuas do Cristo Redentor, e capacidade para abastecer sozinha uma cidade de 16.880 habitantes. A estatal vai investir R$ 130 milhões no projeto. A previsão é de produção em série do equipamento a partir de 2025, de acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
“Nós somos a empresa que mais detém conhecimento do offshore brasileiro e temos tradição em operações marítimas que trarão sinergias relevantes aos projetos de energia eólica offshore. Chegamos no setor eólico e chegamos chegando”, disse o presidente, em discurso para anúncio dos projetos no Brazil Windpower, em São Paulo. “Somos a empresa com maior potencial de geração de energia eólica offshore em capacidade protocolada junto ao Ibama. Isso marca nossa entrada efetiva no offshore”, acrescentou ele.
Medições de vento
Prates também ressaltou que a companhia está investindo maciçamente em campanhas de medição de vento a partir de plataformas fixas posicionadas no mar do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Espírito Santo. Os estudos são realizados pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis.
“Os dados coletados permitirão a elaboração de uma avaliação detalhada em diferentes áreas do país e permitirão definir o potencial da implantação de um parque eólico, uma vez que ocorra o processo de outorga de direitos sobre a área para geração de energia, o projeto de engenharia e a escolha das tecnologias mais adequadas”, frisou o presidente da Petrobras.
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, reforçou, durante apresentação no evento, que os projetos da empresa correspondem à maior campanha de medição de recurso eólico do offshore brasileiro.
Responsável pelos primeiros estudos da área no Brasil, a partir de 2013, em parceria com a Petrobras, o Instituto intensifica agora as medições e o desenvolvimento do sistema em que a companhia aposta nesta nova investida: a Bravo, “Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore”.
Uma primeira versão do projeto foi apresentada no final de 2022 e passou por quatro meses de testes no mar, coletando dados. A segunda versão, com evoluções tecnológicas, será lançada até o final de setembro, segundo Mello. Uma imagem foi divulgada em primeira mão durante os anúncios desta quarta, junto com uma maquete da primeira boia.
A tecnologia da Bravo é a primeira desenvolvida no Brasil para energia eólica offshore. Há, no sistema, capacidade de medições de velocidade e direção dos ventos, variáveis meteorológicas, como pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa, além de variáveis oceanográficas, a exemplo de ondas e correntes marítimas.
Confiabilidade
“A tomada real de decisão para investimentos robustos na indústria do offshore precisa de dados com alta confiabilidade e isso só se dá com dados medidos – e não simulados”, disse o diretor do ISI-ER.
“Temos esta nova versão da boia em desenvolvimento, a versão que será escalada comercialmente para esta campanha anunciada hoje, mas já temos dados neste minuto sendo medidos no offshore do Rio Grande do Norte com estações meteorológicas que instalamos”, acrescentou ele.
Também participaram do anúncio dos projetos o diretor de Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, o presidente executivo da WEG, Harry Schmelzer Jr, o diretor superintendente da WEG Energia, João Paulo Gualberto da Silva, e o gerente Executivo de Energia Renovável na Petrobras, Daniel Pedroso.
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