Um comitê está sendo instalado para acompanhar a situação, seguindo o decreto de emergência nacional zoosanitária; autoridades explicam que no Brasil não há nenhum caso suspeito da doença em humanos
Publicado 24 de maio de 2023 às 20:23
Autoridades sanitárias e de saúde pública do Rio Grande do Norte estão analisando a morte de 37 aves silvestres, de espécie conhecida como Bobo-pequeno, encontradas mortas no litoral do RN desde o início desta semana. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (24) onde representantes do Instituto De Defesa E Inspeção Agropecuária (Idiarn), da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e da Defesa Civil do Estado detalharam a situação e passaram orientações para a população, deixando claro que neste momento não há motivo para pânico.
Materiais genéticos dos pássaros foram colhidos e encaminhados para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), localizado na cidade de Campinas/SP, onde passarão por análise que determinará se eles foram mortos em decorrência de infecção pelo vírus H5N1, também conhecido como “gripe aviária” ou “Influenza aviária”. Apesar da possibilidade dos animais terem sido contaminados, as autoridades sanitárias reforçam que não há motivo para alarme.
“Hoje, no estado do Rio Grande do Norte nós não temos nenhum caso confirmado, nem suspeito, de gripe aviária em humanos, nem no Brasil. A nível nacional nós tivemos dois casos confirmados em aves, mas em humanos ainda não tivemos”, explica Diana Rêgo, coordenadora de vigilância em saúde da Sesap.
O Governo do RN está trabalhando neste momento para formar um comitê especial de combate à influenza aviária, e que deve envolver não apenas a Sesap, mas também o Idiarn, a Defesa Civil, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Corpo de Bombeiros, e a Assessoria de Comunicação do Estado, que trabalhará com a missão de repassar informações verificadas à população, em uma ação de combate também à disseminação de notícias falsas, que acaba gerando pânico na população.
“Falo, de certa forma, com alegria desse comitê estadual entendendo a importância de vários órgãos unidos e falando sobre a mesma situação. Porque é uma situação de emergência, mas não é uma situação de alarme para a sociedade. É uma emergência para os órgãos do Governo, entendendo que a gente precisa estar organizado minimamente para o caso de vir a ter”, conta Diana Rêgo.
O diretor de defesa e inspeção do Idiarn, Renato Dias, também diz que não há necessidade de pânico na população. Ele explica que o protocolo que está sendo iniciado no Rio Grande do Norte é em decorrência do decreto de emergência zoosanitária, feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) na última segunda-feira (22), e não por ter sido identificado alguma suspeita de casos em humanos.
As primeiras aves mortas registradas desde o início desse protocolo foram encontradas na praia de Búzios, no litoral Sul potiguar, ainda na terça-feira (23).
“Em Búzios nós identificamos 11 aves mortas, boa parte delas já em estado de decomposição, e daí nós conseguimos coletar material para diagnóstico da suspeita clínica da influenza, foram encaminhadas hoje para o laboratório e agora vamos aguardar os resultados”, diz Renato Dantas explicando os primeiros registros de aves mortas.
Além das 11 aves encontradas em Búzios, outras duas ocorrências foram registradas hoje, quarta-feira (24). Uma na praia de Sagi, onde 20 aves foram encontradas mortas, e outra em Natal, na praia da Redinha, onde foram colhidas seis aves migratórias mortas.
A Defesa Civil do Estado também está atenta à situação, e orienta a população a não manusear, em hipótese alguma, aves encontradas mortas ou que aparentem estar doentes.
“Neste primeiro momento, o que é que a população deve fazer quando encontrar uma ave na praia, morta ou com aspectos que esteja doente. Ela deve entrar em contato com o 190. Com o protocolo de acionamento, a partir do 190, essa ocorrência vai entrar no sistema, e a partir de aí vão ser acionados órgãos como o Cetáceos Costa Branca, ou o Idiarn”, explica o Coronel Carvalho, coordenador da Defesa Civil estadual.
Recomendações
De acordo com Diana Rêgo, coordenadora de vigilância em saúde da Sesap, é importante manter a vacinação contra a Influenza H1N1 em dia, e explica que, apesar de o imunizante não cobrir a cepa H5N1 (influenza aviária), autoridades nacionais e internacionais recomendam a aplicação com essa vacina, pois ela pode contribuir com o não agravamento da doença (gripe aviária).
Mesmo sem casos confirmados ou sequer suspeitos no RN, a Sesap está se antecipando e já está com equipe de vigilância preparada para possíveis casos que possam aparecer.
“A Sesap já reuniu e organizou toda a equipe de vigilância, entendendo desde a detecção precoce da possibilidade de vir a ter um caso suspeito em humanos”, diz Diana Rêgo explicando ainda que a saúde do estado já está preparada não apenas para a detecção de possíveis casos, mas também já está definida rede laboratorial para realização de exames, bem como onde os possíveis pacientes possam ser atendidos. O Hospital Giselda Trigueiro é referência é infectologia e assume a missão de monitorar e tratar potenciais infecções de H5N1 no RN.
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