Polícia

Quem é “Alicate”, o líder de facção por trás dos atentados ao RN

José Kemps Pereira de Araújo, 45, conhecido como Alicate, é apontado pelas autoridades como o líder do Sindicato do Crime. Ele foi transferido para presídio federal

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de março de 2023 às 10:59

José Kemps de Araújo, o Alicate, seria o mentor intelectual dos atentados no RN. Foto: Reprodução

José Kemps de Araújo, o Alicate, seria o mentor intelectual dos atentados no RN. Foto: Reprodução

O portal UOL produziu na tarde da quarta-feira (15) um perfil sobre José Kemps Pereira de Araújo, 45, conhecido como “Alicate”. Ele é exatamente o preso que foi transferido do presídio de Alcaçuz para uma unidade federal. Ele é o principal suspeito de ser o mentor intelectual dos ataques que vem acontecendo no Rio Grande do Norte desde a madrugada de terça-feira (14). Confira abaixo os principais trechos da reportagem feita por Herculano Barreto Filho.

“José Kemps Pereira de Araújo, 45, conhecido como Alicate, é apontado pelas autoridades como o líder do Sindicato do Crime, facção criminosa por trás dos ataques coordenados que ocorrem no Rio Grande do Norte desde a madrugada de ontem (14). Suspeito de ter sido o mentor intelectual dos atentados, ele foi transferido ontem à noite do presídio de Alcaçuz (RN) para um presídio federal, para onde são levados detentos de alta periculosidade.

Em janeiro deste ano, Alicate foi capturado por uma força-tarefa das forças de segurança em uma casa na cidade de Goiana, interior pernambucano. Na época, era apontado como o criminoso mais procurado do Rio Grande do Norte. Ao chegar no presídio de Alcaçuz, reclamou das condições oferecidas aos detentos.

Segundo fontes ouvidas pelo UOL ligadas às forças de segurança, a decisão dos ataques foi tomada no pavilhão 5 do presídio de Alcaçuz, onde ficam os integrantes da cúpula da facção criminosa.

Alicate foi preso em setembro de 2011, quando integrava uma quadrilha formada por cerca de dez pessoas. Após roubar um carro, o grupo foi seguido por testemunhas, que informaram o paradeiro dos suspeitos à polícia. Ao chegar ao local, em uma casa em Parnamirim (RN), os policiais militares foram recebidos a tiros, dando início a um confronto. Ninguém morreu.

O grupo de Alicate era especializado em ataques a caixas eletrônicos, segundo a polícia. O Sindicato do Crime surgiu em março de 2013, um ano e meio após a prisão de Alicate, apontado como um dos fundadores da facção. O grupo é uma dissidência de criminosos do PCC, que decidiram romper com a facção paulista por não concordar com repasses de dinheiro para São Paulo.

De lá para cá, o Sindicato passou a usar táticas terroristas no enfrentamento ao Estado e na guerra contra o PCC pelo domínio do tráfico de drogas. O ápice da disputa entre o PCC e a facção liderada por Alicate ocorreu dentro do sistema prisional em janeiro de 2017, resultando no assassinato de 27 membros da facção nordestina no presídio de Alcaçuz.

Foi justamente após levar a pior na guerra dentro do sistema prisional que o Sindicato se aliou ao CV (Comando Vermelho), facção criminosa carioca, e intensificou o enfrentamento nas ruas contra o PCC. Em maio de 2022, o líder da facção criminosa que domina o tráfico de drogas no Rio Grande do Norte passou a cumprir pena no regime semiaberto, quando um interno recebe o direito de deixar a unidade prisional durante o dia para trabalhar. Na ocasião, passou a ser monitorado por uma tornozeleira eletrônica.

No mesmo dia, Alicate rompeu o equipamento e passou a ser apontado como o criminoso mais procurado do Rio Grande do Norte. Segundo o Ministério Público, ele então passou a manter contato com as outras lideranças da facção no sistema prisional com o auxílio de uma advogada condenada na última sexta-feira (10) pelo crime de organização criminosa.

Ela foi denunciada sob a acusação de exercer a função de “gravata”, uma espécie de “mensageira do crime” por suspeita de repassar ordens de internos para integrantes da facção nas ruas. Alicate ficou foragido até janeiro deste ano, quando foi preso novamente.”

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