Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro desferiu novo ataque à profissionais de imprensa. Durante agenda, nesta segunda (21), em Guaratinguetá, no estado de São Paulo, o presidente da república esbravejou com uma jornalista mandando que calasse a boca enquanto a repórter tentava fazer uma pergunta.
“Cala a boca. Vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha que não ajuda em nada. Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira. Vocês não prestam”, gritou o presidente.
O evento que Bolsonaro participou foi a cerimônia de formatura da Escola de Especialistas da Aeronáutica. A chegar em Guaratinguetá ele desembarcou do carro oficial sem máscara. O fato foi motivo de questionamento pela repórter verbalmente agredida.
O vídeo com a tentativa de entrevista ao presidente viralizou na internet e esteve entre os os assuntos mais comentados do dia no Twitter. Hastags como “covardia”, “descontrole”, “desequilibrado”, “surto” e “surtado” foram usadas por diversos políticos, populares e personalidades para se referir ao fato.
No início da noite a Associação Brasileira de Imprensa divulgou uma dura nota contra o presidente. Intitulada de “Renuncie, Bolsonaro”, a nota traz alusão ao que a ABI classificou como “destempero” do presidente.
Além de se solidarizar com a jornalista da TV Globo que foi agredida verbalmente, a nota ainda diz que o presidente “mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo”.
A ABI ainda diz que “o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista”.
E termina colocando o posicionamento da Associação a favor de um impeachment de Bolsonaro, fazendo ainda um apelo para que o presidente renuncie.
Nota da ABI:
Renuncie, presidente!
Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN.
Com seu destempero, Bolsonaro mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo.
Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista.
Seu comportamento chega a enfraquecer o movimento antimanicomial – movimento progressista e com conteúdo profundamente humanitário. Já há quem se pergunte como um cidadão com tamanho desequilíbrio pode andar por aí pelas ruas.
Mas a situação é ainda mais grave: esse cidadão é presidente de um país com a importância do Brasil.
Diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022.
É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados.
Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.
Outra solução – até melhor, porque mais rápida – seria que ele se retirasse voluntariamente.
Então, renuncie, presidente!
Paulo Jeronimo
Presidente da ABI
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