Com apenas duas governadoras eleitas, homens serão maioria em 25 estados

A vitória de apenas duas mulheres confirma a estatítisca que aponta para um abismo na representatividade entre homens e mulheres em cargos do executivo

por: NOVO Notícias

Publicado 2 de novembro de 2022 às 14:40

As duas únicas mulheres à frente dos executivos estaduais serão Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte; e Raquel Lyra (PSDB), em Pernambuco – Foto: Divulgação

Apenas dois dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal serão governados por mulheres a partir de 2023. Saíram vitoriosas das urnas a petista Fátima Bezerra, que venceu, no primeiro turno, com 58,3% dos votos no Rio Grande do Norte; e Raquel Lyra (PSDB), que superou, no segundo turno, Marília Arraes (Solidariedade), com 58,7% dos votos, em Pernambuco. As duas governadoras eleitas são do Nordeste.
A vitória de apenas duas mulheres confirma a estatítisca que aponta para um abismo na representatividade entre homens e mulheres em cargos do executivo. O número tão baixo de eleitas é reflexo de percentual proporcionalmente menor de mulheres que disputaram o cargo nos estados brasileiros.
A doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora da Universidade de Cardiff Larissa Peixoto apresenta alguns fatores que levam à subrepresentação feminina. Um deles é a alta competitividade, dentro dos partidos, para ser candidato a cargos executivos. “Existe uma competição interna muito grande para ser candidatos a esses cargos, que tem um número de vagas muito menor do que para o legislativo”, avaliou no período de campanha.
Outro fator que influencia tem relação com a idade dos postulantes às vagas dentro do partido. Os filiados sêniores costumam vencer as disputas internas nas agremiações, aspecto que coloca em desvantagem as mulheres. Em geral, elas chegam mais tarde à política partidária por razões históricas, portanto os homens costumam ter trajetória partidária mais longa. Outro ponto é a capacidade desigual entre homens e mulheres, também devido à desigualdade de gênero, para arrigimentar apoios e recursos financeiros.
Maioria de vices 
A pesquisadora apontou que, de maneira geral, os partidos adotaram em 2022 uma estratégia de colocar as mulheres apenas como vice nas chapas numa clara tentativa de mostrar que havia representatividade e também de receber mais recursos dos financiamentos públicos. No entanto, a pequisadora alertou que a estratégia pode não resultar em mais representativida na política, uma vez que há diferença de poder entre quem encabeça uma chapa e o vice.
O percentual de candidatas ao cargo de vice-governadora foi maior em comparação ao de mulheres que estavam na cabeça de chapa. Em 2014, eram 57 candidatas a vice, número que passou para 82, em 2018; e 94, neste pleito. Já para governadora, em 2014, eram 24 candidatas, número que saltou para 31, em 2018; e 38, em 2022. “Para o cargo de governadora, as candidaturas continuam poucas, mas para vice aumentaram. Os partidos fazem uso desse espaço para dizer ‘olha, temos mulheres’ e dizer que são progressistas”, analisou Larissa.
Etnia
A maioria dos governadores eleitos se declarou branca. Ao todo são 18 governadores eleitos que se autodeclararam brancos, ou seja 66,6% do total. Oito deles se apresentaram à Justiça Eleitoral como pardos, na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se autodeclaram negros, categoria que engloba pretos e pardos.
O governador eleito da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), autodeclarou-se indígena. Ele concorreu com ACM Neto, que se autodeclarou pardo, o que levantou críticas ao candidato uma vez que, conforme muitas lideranças dos movimentos negros apontaram, é lido como branco na sociedade brasileira.
Orientação sexual
Essa categoria não é informada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, o governador reeleito pelo Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), apresentou-se publicamente como gay.
A Justiça Eleitoral solicita informações sobre o estado civil dos candidatos. Dos 27 governadores eleitos, 21 informaram. A maioria dos que informaram o estado civil (16) é casada.  Eduardo Leite e Fátima Bezerra declararam que são solteiros. Elamno de Freitas (PT), do Ceará, Romeu Zema (Novo), de Minas, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, informaram que são divorciados. Raquel Lyra ficou viúva no dia da votação do 1º turno.
Govenadores eleitos
– Acre  – Gladson Cameli (PP)
– Alagoas – Paulo Dantas (MDB)
– Amapá – Clécio Luis (Solidariedade)
– Amazonas – Wilson Lima (União Brasil)
– Bahia – Jerônimo Rodrigues (PT)
– Ceará – Elmano de Freitas  (PT)
– Distrito Federal – Ibaneis Rocha (MDB)
– Espírito Santo  – Renato Casagrande (PSB)
– Goiás – Ronaldo Caiado (União Brasil)
– Maranhão – Carlos Brandão (PSB)
– Mato Grosso – Mauro Mendes (União Brasil)
– Mato Grosso do Sul – Eduardo Riedel (PSDB)
– Minas Gerais – Romeu Zema (Novo)
– Pará – Hélder Barbalho (MDB)
– Paraná – Ratinho Jr. (PSD)
– Paraíba – João Azevêdo (PSB)
– Pernambuco – Raquel Lyra (PSDB)
– Piauí – Rafael Fonteles (PT)
– Rio de Janeiro – Cláudio Castro (PL)
– Rio Grande do Norte – Fátima Bezerra (PT)
– Rio Grande do Sul – Eduardo Leite (PSDB)
– Rondônia – Marcos Rocha (União Brasil)
– Roraima – Antônio Denarium (PP)
– São Paulo – Tarcísio de Freitas (Republicanos)
– Santa Catarina – Jorginho Melo (PL)
– Sergipe – Fábio Mitidieri (PSD)
– Tocantins – Wanderlei Barbosa (Republicanos)