Basta pesquisar um pouquinho para vermos que as mulheres potiguares e a política têm uma história de pioneirismo de longas datas. Em novembro de 1927, a professora natalense Celina Guimarães entrou para a história como a primeira mulher a se registrar como eleitora no Brasil. No ano seguinte, outra potiguar, também tornou-se pioneira. Natural de Jardim de Angicos, Alzira Soriano tornou-se a primeira mulher da América Latina a ser eleita prefeita com cerca de 60% dos votos.
Se o cenário já era improvável para tamanha predominância masculina, mais uma mulher potiguar merece destaque. Em 1934, a potiguar Maria do Céu Fernandes tornou-se a primeira mulher brasileira no posto de deputada estadual. Décadas depois, o Rio Grande do Norte voltou a ser notícia quando se falava em mulheres políticas. Afinal, o ‘elefante’ é o único estado brasileiro, até hoje, a eleger três mulheres governadoras. Wilma de Faria, Rosalba Ciarlini e Fátima Bezerra assumiram o poder em 2003, 2011 e 2019, respectivamente. Nas últimas eleições estaduais, Fátima foi a única mulher eleita governadora no Brasil. Este ano, tenta a reeleição. Wilma de Faria, por sua vez, foi eleita duas vezes governadora e prefeita de Natal por três vezes.
Um levantamento nacional revelou que as mulheres formam 52% das chapas para o Governo, mas a maioria é para o cargo de vice. Na disputa para o Governo, o Brasil tem 17% das chapas encabeçadas por mulheres e 39% candidatas a vice. No RN, do total de candidatos para governador, considerando os candidatos a vice, 77% são candidatos homens e apenas 22,22% são mulheres. Considerando apenas os candidatos a Governador, o RN fica acima de média nacional no quesito com 33,33% dos candidatos. “Apesar ainda de ser baixo o Rio Grande é um dos poucos estados no Brasil, onde uma mulher lidera as intenções de votos nas pesquisas até o presente momento. Nosso Estado, apesar de ser pioneiro e ter o protagonismo para as mulheres no quesito eleitoral, tem uma estrutura muito forte que vem da época dos coronéis. Ainda estamos em processo de ‘quebra’ dessa estrutura. É difícil e longo, mas as mulheres têm mostrado capacidade e também vontade de mudar esse quadro”, opina o sociólogo Thiago Medeiros.
Dos nove candidatos ao Governo do Estado do RN, três são mulheres: Fátima Bezerra (PT), Clorisa Linhares (PMB) e Rosália Fernandes (PSTU). Já dentre os candidatos a vice, temos duas mulheres na disputa: Francisca Hen-rique (PODE) e Socorro Ribeiro (PSTU). Em relação à disputa para a única vaga do RN no Senado, apenas uma mulher está no páreo: a veterinária Shirlei Medeiros (DC). Na primeira suplência para o Senado, o RN conta com Andrea Alves (PRTB), Antônia Morais (PSTU), Marluce Barros (UP) e Sueli Nicácio (PSOL). Já a segunda suplên-cia conta com Ana Sufia (PC do B), Cinara (PSB), Lígia Gomes (PSOL) e Vitória Campelo (PRTB).
“A participação das mulheres na política tem aumentado a cada ano. No ambiente político, infelizmente, ainda predomina uma cultura machistaPara se ter uma noção da falta de representatividade e, ainda, em vitória em pleitos, no Brasil só tivemos oito governadoras até hoje eleitas, e o RN tem o prazer de emplacar três delas. Tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Norte, as mulheres são maioria no voto, porém em termos nacionais, nas últimas quatro eleições, elas não chegam a 20% em relação ao total de eleitos. Apesar dos números, sentimos que existe uma evolução deste quadro e uma possível tendência de melhora. As mulheres têm despertado e lutado mais por espaços no ambiente político. Os próprios órgãos de justiça têm coibido práticas que antes colocavam, por exemplo, as candidaturas “laranjas”, que eram apenas para compor o exigido. Nesta eleição, em 2022, as mulheres têm marcado mais presença e tido mais força, que espero ser comprovada na hora do voto”, explica Medeiros.
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