O diretor do Hospital Giselda Trigueiro tranquiliza a população ao falar sobre a doença que vem assustando o mundo nas últimas semanas, mas que tem potencial ofensivo bem menor que a covid-19
Publicado 27 de junho de 2022 às 16:01
Ainda vivendo os efeitos da pandemia de covid-19, o mundo tem hoje uma nova doença que vem trazendo preocupação para todos os povos. Identificada inicialmente no continente africano, a doença conhecida como monkeypox, ou varíola dos macacos na tradução literal, já infectou mais de três mil pessoas em 42 países do mundo até a última sexta-feira (24). O médico infectologista doutor André Prudente, diretor do Hospital Giselda Trigueiro, explica que a doença é semelhante à varíola, doença erradicada no Brasil nos anos 80, e também guarda semelhanças com a catapora, inclusive com sintomas comuns a muitas enfermidades, como febre, dor no corpo e dor de cabeça, para só então aparecer na pele as bolhas características desse vírus.
O especialista usa a doença causada pelo novo coronavírus como parâmetro para falar sobre a monkeypox. “É uma doença que até agora tem se comportado como relativamente benigna. Não tem como comparar com a covid. A gente não está tendo óbitos por conta dessa patologia, o poder de transmissão dela é menor do que a covid, sem sombra de dúvidas”, diz o doutor André Prudente.
Há pouco mais de um mês, o Ministério da Saúde criou uma “Sala de situação” para monitorar a doença no Brasil. O primeiro caso foi identificado no último dia 8 de junho, em São Paulo, o estado com mais casos confirmados até a sexta-feira passada (24). Além de SP, também foram confirmados pacientes com a varíola do macaco em outros dois estados, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Apesar do avançar da doença no Brasil e de o potencial destrutivo dela ser menor que o da covid-19, o médico André Prudente explica que existe um risco de vermos um aumento no número de casos. “Como a maioria das pessoas não têm anticorpos contra a varíola do macaco, então todo mundo está suscetível”, diz o infectologista, ao mesmo tempo que passa orientações básicas para evitar o contágio: “a melhor maneira de a gente evitar adquirir a doença é manter os mesmos cuidados que se orienta para a covid. Ou seja, evitar as aglomerações, o uso de máscara e higienização das mãos, frequentemente, com álcool em gel ou água e sabão”, completa.
O doutor André aponta ainda quais são os meios de transmissão mais comuns, explicando que nesse ponto a varíola do macaco também tem uma diferença em relação ao coronavírus.
“Ela – a doença – tem uma particularidade que é a transmissão principalmente através do contato das lesões na pele. Então se você entrar em contato com os ferimentos da pessoa que tem a varíola, aumenta a chance de adquiri-la. Ela também pode ser transmitida pelo ar, assim como a covid-19, mas de uma maneira bem menos intensa”, diz André Prudente, diretor do Hospital Giselda Trigueiro.
O médico explica ainda a situação técnica da saúde pública do Estado do RN para combater a varíola do macaco. Ele tranquiliza ao falar que as chances de um surto da doença comprometer o sistema de saúde, são pequenas.
“É uma doença que, na esmagadora maioria dos casos, não vai requerer internação. Então não há necessidade de montar UTIs ou reverter diversos leitos como aconteceu com a pandemia”, diz André, que completa informando que mesmo assim, duas unidades de saúde no Estado estão prontas para receber potenciais casos da varíola: em Natal, o Hospital Giselda Trigueiro e o Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró”.
Ele explicou ainda como devem ocorrer os atendimentos a pacientes que chegarem nas unidades com suspeita da doença. “Como a maioria dos casos não vão precisar de internação, as pessoas vão ser atendidas, realizar os exames, e receber orientações para o isolamento domiciliar. Basicamente é isso que tá montado até agora. No Giselda Trigueiro a gente deixou uma expectativa de dois leitos, para se houver necessidade de internação”, disse.
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