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Cigarros eletrônicos: proibir ou liberar?

Anvisa debate regulamentação de cigarros eletrônicos; até então, uso continua proibido no Brasil

por: NOVO Notícias

Publicado 18 de abril de 2022 às 16:00

Dispositivo vem se tornando cada vez mais frequente entre jovens e adultos, aumentando o índice de novos fumantes no país – Foto: Dayvisson Melo/NOVO Notícias

Desde o ano de 2009, a importação, a comercialização e a veiculação de propaganda de qualquer dispositivo eletrônico para fumar são proibidas no Brasil. Nos últimos anos, os cigarros eletrônicos chegaram à 4ª geração com uma nova roupagem – mais viciantes, apelando cada vez mais para o público jovem.

Os novos dispositivos são recarregáveis ou descartáveis, são mais coloridos e apresentam formatos mais chamativos. Muitos utilizam sais ácidos de nicotina, que oferece uma maior concentração de nicotina para o cérebro e, consequentemente, gera uma maior dependência nos usuários.

No Rio Grande do Norte, o número de empresas e venda de cigarros eletrônicos vem aumentando. O produto pode ser encontrado até nas cigarreiras mais tradicionais, ao lado de carteiras de cigarros comuns.

Nos últimos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu início a mais uma etapa no processo que analisa o consumo dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), também conhecidos como pods, vapers, entre outros nomes. O objetivo é receber contribuições técnicas e científicas sobre o uso dos produtos para embasar decisões futuras envolvendo a comercialização e o uso deles. Por enquanto, um relatório parcial do estudo indica a manutenção da proibição e a intensificação da fiscalização do comércio ilegal dos cigarros eletrônicos no Brasil.

O empreendedor potiguar Igor Teixeira aderiu ao dispositivo eletrônico há cerca de um mês para tentar parar de consumir o cigarro comum. “Enquanto no comum eu dava 40 tragadas, no eletrônico eu dou 5, 6 e já fico satisfeito. Então já diminui bastante [o consumo]. Em alguns momentos, uso bem mais, mas estou tentando controlar”, contou o usuário.

De acordo com a coordenadora do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Jaqueline Scholz, não existem evidências de que os cigarros eletrônicos ajudam as pessoas a parar de fumar. “A gente vê novos usuários e pessoas que quando fazem a transição percebem um consumo maior e querem parar de fumar, mas não conseguem”, explicou.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) já se posicionou veementemente contra a liberação dos dispositivos. Para a entidade, eles são uma ameaça à saúde pública. O médico pneumologista Paulo Corrêa, coordenador da Comissão de Tabagismo da SBPT, explicou que existe uma falsa crença entre os usuários de que a fumaça não faria mal à saúde, uma vez que seria apenas vapor d’água.

No entanto, eles também possuem nicotina, o que gera dependência, e outras substâncias líquidas como glicerol, glicerina vegetal, propilenoglicol e aromatizantes alimentares – aditivos químicos feitos pela indústria alimentícia com sabores de frutas, mas que em nada se parecem com as propriedades desses alimentos.

“É um entregador de nicotina com uma roupa nova”, explicou a médica Liz Maria de Almeida, coordenadora de Prevenção e Vigilância do INCA.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também já se posicionou contra a liberação dos cigarros eletrônicos, e está promovendo um abaixo-assinado sobre o tema, cujo intuito é que a sociedade civil se manifeste contra a autorização desse tipo de material no mercado interno pela Anvisa. A petição da Fiocruz está disponível na plataforma Change.org e conta com mais de 2,4 mil assinaturas até o momento, de uma meta de 2,5 mil.

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