O PL teve o crescimento mais expressivo. Tornou-se a maior bancada da Câmara, com 73 deputados — até o fechamento desta edição, já que a janela partidária se encerraria às 23h59 de ontem. É mais que o dobro do que a agremiação tinha na época da posse, quando contava com 33 parlamentares.
Um dos que aderiram ao partido de Bolsonaro foi o deputado Domingos Sávio (MG), então vice-líder do PSDB na Câmara. Ele disse ao Correio que a saída do ninho tucano se deve à polarização política no país. “Confesso que não é uma decisão fácil para mim. Fui fundador do PSDB, com sete mandatos consecutivos, mas acabei de me filiar no PL”, contou. “A polarização entre o presidente Bolsonaro e o seu principal adversário, que é o ex-presidente Lula, é algo absolutamente evidente. Portanto, eu, ao contrário de Geraldo Alckmin, sinto que é meu dever me posicionar sobre esse cenário agora”, acrescentou, numa referência ao ex-governador, que trocou o PSDB pelo PSB e deve ser anunciado como vice na chapa do petista.
Grande parte dos novos deputados do PL migrou do União Brasil (fusão de PSL e DEM) — não por acaso, o partido que mais perdeu parlamentares nesta janela. Depois da fusão, que tornou o UB a maior bancada na Câmara na ocasião, com 81 deputados, nada menos do que 34 integrantes decidiram sair — sendo mais de 20 bolsonaristas. Com isso, a sigla encolheu para 47 parlamentares e passou a ocupar a quinta posição em número de membros.
Poder
Principal beneficiado nesta janela partidária, o Centrão nunca teve tanto poder no governo Jair Bolsonaro como no último ano de seu mandato. Os três principais partidos do bloco — PP, PL e Republicanos — acumulam postos-chave na administração federal que, somados, movimentam R$ 150 bilhões em recursos orçamentários. O grupo, conhecido pelo fisiologismo e pela falta de amarras ideológicas, transita entre diferentes núcleos políticos e é um dos alicerces da chamada “governabilidade”, independentemente do presidente de plantão.
Encorpado, o Centrão ganhará, até o fim desta legislatura, ainda mais espaço nas comissões do Congresso, na relatoria de matérias importantes e no processo de barganha natural das votações. Na avaliação do cientista político Leonardo Queiroz Leite — doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) —, o crescimento do Centrão foi articulado pelo próprio chefe do Executivo.
“É resultado do movimento que Bolsonaro já vem fazendo, há tempos, de dar mais poder ao Centrão, mais protagonismo, trazendo para o centro do próprio governo. Basta lembrar que Ciro Nogueira, por exemplo, é o ministro-chefe da Casa Civil”, destacou.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) avaliou que, mesmo diante do crescimento do Centrão, as lideranças de esquerda não veem impacto nas eleições de 2022. “Claro que vamos considerar. Está no tabuleiro, no palco de operações políticas dos projetos o crescimento da base de Bolsonaro, mas é só um jogo de entra e sai dos partidos da base de Bolsonaro. Para nós, do PT, o que está em questão é se a candidatura do ex-presidente Lula cresce”, frisou.
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