Fundador do PSDB, ex-tucano tem histórico de divergências com o petista, mas, ao anunciar a decisão de ingressar no novo partido, afirmou que o momento exige ‘grandeza política, espírito público e união’
Publicado 23 de março de 2022 às 14:52
A menos de sete meses do primeiro turno das eleições, o ex-governador Geraldo Alckmin assinou nesta quarta-feira, 23, sua filiação ao PSB e abriu caminho para concorrer como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. Figura simbólica do PSDB, o ex-tucano tem histórico de divergências com o petista, mas, ao anunciar a decisão de ingressar no novo partido, afirmou que o momento exige “grandeza política, espírito público e união”, numa referência ao objetivo de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
O ato de filiação de Alckmin ocorreu em Brasília, na sede da Fundação João Mangabeira. Estiveram presentes o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), o ex-governador de São Paulo Márcio França e outras lideranças nacionais do partido. Já o PT foi representado na cerimônia por sua presidente nacional, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).
“Temos que reconhecer que essa figura nefasta que governa o nosso país é resultado da falência do sistema político”, afirmou Siqueira, em referência a Bolsonaro. “Esta anomalia precisa ser encerrada, e esta anomalia só será encerrada se nós tivermos a grandeza e a capacidade de alargar os nossos horizontes”, declarou o presidente do PSB. Durante o ato, Siqueira disse que Alckmin é uma figura “excepcional” da vida política do País.
A deputada Gleisi Hoffmann afirmou que o ato de filiação de Alckmin “tem um imenso significado para o futuro do Brasil”. “Nunca foi tão necessário somar forças e mobilizar energias em defesa do nosso País”, disse a parlamentar. “Juntos fizemos história no nosso País e juntos vamos fazer história novamente”, acrescentou, ao recordar que PT e PSB têm uma história juntos.
A articulação da chapa Lula-Alckmin foi capitaneada pelo ex-governador Márcio França e o ex-ministro Fernando Haddad (PT). Para se colocar no cenário político nacional, o ex-tucano abriu mão de disputar o Governo de São Paulo, Estado que já governou por três mandatos, mesmo na liderança das pesquisas de intenção de voto. O convite para concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes havia sido feito pelo ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.
Alckmin anunciou sua saída do PSDB em dezembro. Ele estava insatisfeito no partido desde as eleições de 2018 e se sentia traído pelo governador de São Paulo João Doria (PSDB), que se elegeu colando sua imagem na de Bolsonaro, apesar de Alckmin ter sido o candidato tucano ao Palácio do Planalto quatro anos atrás. Para a eleição deste ano, Doria foi escolhido pré-candidato do PSDB a presidente.
PT e PSDB polarizaram quase todas as eleições presidenciais desde a redemocratização. Os tucanos governaram o País por oito anos, de 1995 a 2002, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). E os petistas estiveram no poder de 2003 a 2016, até impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em 2006, quando Lula conquistou a reeleição, seu adversário nas urnas foi Alckmin. Na eleição de 2018, contudo, o segundo turno foi entre Haddad e Bolsonaro, que saiu vitorioso – Alckmin, que foi o candidato tucano, obteve 4,7% dos votos.
Em dezembro, Lula e Alckmin estiveram em um jantar organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas em São Paulo e posaram para uma foto juntos. Foi o primeiro sinal público da aliança. O “Jantar pela Democracia” reuniu, na ocasião, mais de 500 pessoas. Em janeiro, o petista disse que não teria “nenhum problema” em construir uma chapa com Alckmin, apesar do histórico de antagonismo entre os dois. “Governar significa que você tem que adquirir possibilidade muito grande de conversar com as pessoas”, afirmou Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
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