Entradas fechadas com tijolos e concreto. Espaço externo vazio. Esse é o cenário visto atualmente por quem visita o Mercado Público da Redinha, localizado na zona Norte de Natal. Na semana passada, a Prefeitura retirou os permissionários do local e desativou o prédio, que em breve será totalmente demolido para a construção do Complexo Turístico da Redinha.
O projeto prevê a reformulação completa do local, com a criação de novos acessos, a abertura de uma nova rua ligando a ponte Newton Navarro ao Mercado, a construção de um deck para passeio, a recuperação do quebra-mar e a instalação de nova iluminação na área.
“É um projeto de grande envergadura, orçado em R$ 25 milhões, numa parceria entre a Prefeitura do Natal e o Governo Federal, através do Ministério do Turismo. Pretendemos transformar, de vez, esse setor de nossa cidade, dando pujança econômica para todo o segmento turístico que trabalhará no complexo e no seu entorno”, informou o prefeito Álvaro Dias.
A obra, dividida em cinco etapas e com previsão de conclusão em 18 meses, teve sua ordem de serviço para iniciar as intervenções da última fase, que compreende o espaço do atual Mercado Público e que engloba os maiores valores do orçamento, assinada no final da manhã desta segunda-feira (14).
“Essa etapa atingirá a casa de mais de R$ 11 milhões em serviços. Com ela, faremos o Complexo Turístico propriamente dito, com todas as suas benesses e futuros atrativos para o turismo em Natal”, explicou Carlson Gomes, titular da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semov).
Com a desativação do Mercado Público da Redinha, 33 permissionários foram retirados do local: 15 da parte interna e 18 da parte externa do prédio.
Quarenta e seis dos 74 anos de vida de dona Ivonize Januário foram no local, vendendo o famoso prato típico da região: ginga com tapioca – iguaria que, segundo ela, foi criado por seus pais e hoje é patrimônio imaterial do Rio Grande do Norte. Mas o tempo é de incerteza, para ela e para os demais comerciantes do local.
“A gente foi avisada dessa reforma muito em cima, e tivemos que sair do Mercado em apenas 15 dias. Todo mundo ficou preocupado, sem saber o que fazer. Eu ainda consegui arranjar um ponto aqui ao lado [do Mercado Público], de frente para o mar, mas a maioria não conseguiu e está em casa, parada, cheia de contas e dívidas pra pagar. E já já até eu vou ter que sair daqui, porque isso tudo vai ser tudo demolido”, relatou.
A comerciante citou ainda que os permissionários sugeriram que a Prefeitura os realocasse durante a obra do Complexo Turístico. “Nós queríamos que eles [a Prefeitura] tivessem arranjado um canto pra gente, na beira da praia, daqui [Redinha] pra Santa Rita. Umas barraquinhas onde tivesse lugar na beira da praia, pra que a gente já tivesse pra onde ir”, disse Ivonize.
No entanto, de acordo com o secretário de obras de Natal, Carlson Gomes, a possibilidade é ‘inviável’. “Vai ser todo tapumado. Vai mudar traçado, questões da rua, fazer uma rotatória, mexer no enrocamento. É impraticável colocar qualquer tenda”, explicou.
De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos de Natal (Semsur), todos os permissionários do Mercado da Redinha que fizerem um cadastro na pasta receberão um auxílio de R$1.200 por mês enquanto a obra for executada. O valor, segundo a Semsur, foi definido a partir da Lei 7.252/2021, sancionada em novembro do ano passado.
Ao fim da obra, todos os comerciantes serão realocados no interior do Complexo. De acordo com a Prefeitura, o espaço vai contar com 29 novos boxes e seis restaurantes.
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