Cotidiano

Dia Internacional da Mulher: a força delas à frente do poder

Protagonismo de mulheres na vida pública sempre foi uma das características do Rio Grande do Norte

por: NOVO Notícias

Publicado 7 de março de 2022 às 15:30

Mulheres no poder

Mulheres no Poder: Governadora Fátima Bezerra, procuradora federal Cibele Benevides, PGJ Elaine Cardoso e vereadora Nina Souza – Fotos: Elisa Elsie, Cedida, Cedida e Valéria Araújo

O protagonismo de mulheres na vida pública é uma característica do Rio Grande do Norte. A potiguar Celina Viana foi a primeira mulher a exercer o direito ao voto no Brasil, em 1932.  O estado também elegeu a primeira prefeita da América Latina. Em 1928, Alzira Soriano conquistou 60% dos votos no município de Lajes e foi a primeira mulher a ser eleita para um cargo executivo no país.

Em 1934, o RN também elegeu a primeira deputada estadual pelo voto direto no Brasil. Nascida em Currais Novos, Maria do Céu Pereira Fernandes ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa aos 24 anos de idade.

Com a vitória de Fátima Bezerra (PT) nas eleições de 2018, o Rio Grande do Norte se tornou a unidade federativa brasileira que elegeu o maior número de governadoras na história. Além disso, o estado foi o único do país a eleger uma governadora mulher naquele ano.

A governadora Fátima Bezerra já foi professora, dirigente sindical, deputada estadual, deputada federal e senadora. De acordo com ela, a luta por mais mulheres no poder está longe do fim.

“Ser a única mulher gestora de um estado é motivo de muita reflexão, de perguntar ‘por que em 27 estados da federação só há uma governadora?’. Não devemos nos contentar em ser a exceção. Temos um protagonismo político das mulheres, mas isso não nos livra da luta. Ou eu não seria a única”, pontuou.

Outra mulher que se destaca pela representatividade e por estar à frente de importantes cargos no estado Rio Grande do Norte é Cibele Benevides. Cibele foi a primeira Procuradora-Chefe mulher do Ministério Público Federal no RN, entre o biênio 2006-2008, e também a primeira Procuradora Regional Eleitoral mulher no estado, entre 2017 e 2019.

Atualmente é Procuradora-Chefe da Procuradoria da República no RN, função que exerceu entre 2019 e 2021 e foi reeleita para o biênio 2021-2023.

Sobre os principais desafios ao assumir uma função como a que ocupa atualmente, a jurista afirma que são comuns aos desafios de todo líder e gestor. Mas, acrescenta que “Há, porém, uma dificuldade específica que reputo enorme para as mulheres, especialmente com filhos: administrar a família e suas demandas e estar disponível para o trabalho com compromissos e reuniões, muitas vezes sem horário para terminar. Na nossa cultura, o comum é que o homem, nessa situação, se entregue completamente ao trabalho e delegue à mulher a administração dos compromissos familiares, disse Cibele.

No quadro funcional da Procuradoria da República do RN, são atualmente 4 mulheres Procuradoras (duas na capital e duas no interior) para 14 Procuradores homens no total. Já servidoras públicas mulheres, estão 42% na Procuradoria, enquanto que os servidores homens correspondem a 58% do total. São 41,8% de mulheres chefiando setores.

“Essa é uma realidade que buscamos dia a dia modificar. Na contratação dos terceirizados, buscamos a efetiva igualdade de gênero, de maneira que há 50% de mulheres nas funções terceirizadas na Procuradoria da República no RN”, destacou Cibele Benevides.

A Promotora Elaine Cardoso é mais um nome forte no time de mulheres protagonistas do estado: é a primeira mulher a liderar o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN). Ela tomou posse como procuradora geral de Justiça em junho de 2021 e segue à frente da instituição até 2023.

Sobre ser mulher no meio jurídico, a PGJ afirma que existem, sim, dificuldades. “No meio jurídico, penso que pode ser identificada uma diferença quando se trata de acesso das mulheres a cargos públicos por concurso, onde o mérito é avaliado de forma mais objetiva, comparado à atuação privada, para a qual os critérios de escolha, amparados pelos vetores de experiência e confiança, envolvem uma certa subjetividade. Além disso, as mulheres normalmente se envolvem mais diretamente com a educação dos filhos e outras rotinas domésticas, fruto de uma sociedade machista e patriarcal que ainda rende resquícios, e muitas vezes cria o estereótipo de que determinadas áreas ou atividades são mais apropriadas para os homens”, disse.

Servidora pública há mais de 30 anos, a advogada e professora da rede estadual de ensino Nina Souza (PDT) foi eleita vereadora de Natal para o primeiro mandato em 2017, quando assumiu a liderança do Governo na Casa e integrou diversas comissões.

Em 2020, Nina foi reeleita vereadora, sendo novamente líder da base governista na Câmara. Além disso, ela foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final (CCJ) da CMN.

Em fevereiro de 2022, a mesa diretora da Câmara Municipal de Natal a elegeu novamente para a presidência do colegiado mais importante do legislativo.

“Assumir a presidência é motivo de muito orgulho. Tanto por ser a primeira mulher, quanto por entender a importância do trabalho na CCJ, que é analisar a constitucionalidade dos projetos de lei que são protocolados na CMN”, destacou a vereadora.

Sobre conciliar vida pública e privada, Nina afirma que é uma missão complexa. “Nós temos que estar diariamente antenadas, estudando, fazendo articulações, e, obviamente, também precisamos cumprir nossas atividades. Eu sou mãe, avó, esposa. A política trabalha de domingo a domingo. Precisamos estar o tempo todo ali, dando respostas, mesmo que seja através do telefone”, contou.

Para ‘sobreviver’ em meio a tantos homens, a vereadora afirma que é necessário se posicionar. “A gente tem que se posicionar e delimitar espaço, porque, se permitir, o homem não deixa você falar, quer falar mais alto, enfim. Obviamente, a gente sempre usa a nossa voz para chamar outros homens pra esse entendimento [de igualdade]. E, principalmente, chamamos as mulheres, que não podem ter o pensamento machista e precisam apoiar umas às outras”, disse Nina.

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