O Rio Grande do Norte é um dos maiores produtores de energia limpa do país. Hoje, o estado representa 44% da geração nacional de energia eólica e caminha a passos largos para também ocupar posição de destaque na energia solar. E começa a preparar as novas gerações, despertando o interesse por essa tecnologia. Umas dessas iniciativas é transformar escolas públicas e mini usinas solares, e está sendo desenvolvida pelo Instituto Senai.
O projeto-piloto “Escolas Solares”, desenvolvido pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis transformará 12 escolas públicas em mini usinas de energia solar e para isso está investindo R$ 1 milhão para implantação de laboratórios didáticos, onde serão transmitidos conceitos de física, geografia e matemática.
As usinas serão implantadas em escolas estaduais de Natal, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, Nova Cruz, Alto do Rodrigues, Macau, Pendências, Currais Novos, Mossoró, Apodi, João Câmara e Caicó.
A iniciativa também prevê capacitação de professores durante o processo e a elaboração de uma cartilha para auxiliar a realização das aulas.
Os recursos para desenvolvimento das atividades são provenientes de uma emenda parlamentar do senador da República Jean-Paul Prates, idealizador da proposta. O investimento será viabilizado por meio de convênio firmado na semana passada com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Os detalhes do projeto Escolas Solares foram divulgados na última sexta-feira (7) pelo Instituto Senai. “Trata-se de uma iniciativa em que vamos montar unidades geradoras de energia para, mais do que ajudar na conta de luz, fomentar a educação, deixar nessas escolas uma cultura de energia mais limpa, que seja usada de forma transversal no aprendizado dos alunos”, diz o diretor do Instituto, Rodrigo Mello.
Mais de 1.500 alunos serão beneficiados
De acordo com informações do projeto, as iniciativas serão levadas inicialmente a 13 das 620 escolas que compõem a rede estadual de ensino. A estimativa é que mais de 1.500 estudantes do ensino médio sejam beneficiados, mas o número poderá aumentar ainda este ano.
“Temos conversado com SENAI e Secretaria de Educação do Estado para a realização de um convênio que deve viabilizar a inclusão de mais sete escolas, chegando ao total de 20 ainda em 2022”, diz o senador Jean-Paul Prates, ressaltando que há expectativa de estender a iniciativa para todo o Rio Grande do Norte. “A ideia é que possamos aumentar a quantidade de cidades e escolas beneficiadas ao longo dos anos, com recursos disponíveis de emendas parlamentares”.
O projeto terá largada ainda neste semestre, com a compra de equipamentos, capacitação das equipes envolvidas e instalação das primeiras usinas. O início dos experimentos com os alunos dependerá de calendários elaborados pelas próprias escolas.
Além de facilitar a compreensão de conceitos tradicionais estudados em sala de aula, o objetivo é usar as mini usinas de geração para aumentar a conscientização quanto ao uso racional de energia e reforçar a importância da sustentabilidade, em um momento de forte expansão do setor de energias renováveis e em que países do mundo inteiro, inclusive o Brasil, têm de aumentar a segurança energética e cumprir metas ambientais.
Iniciativa abre debate sobre sustentabilidade
“O projeto é um ganho para a didática das escolas”, observa Jean-Paul Prates. “Os professores poderão se utilizar da usina fotovoltaica para as aulas do cotidiano, levantar o debate sobre sustentabilidade com os estudantes e estimular, quem sabe, a formação de uma geração de profissionais que venham a atuar no setor de geração de energia solar, que tem crescido bastante no nosso estado e que precisa de mão de obra qualificada para o desempenho das atividades relacionadas a ele”.
O coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Antonio Medeiros, faz coro. Aliar a prática à teoria pode, segundo ele, despertar o interesse dos jovens para especialização na área, assim como por cursos de ciências e engenharia.
“O interesse por cursos nessas áreas”, observa o pesquisador, “atualmente é baixíssimo no Brasil”. “Mas essa é uma realidade que podemos mudar. E uma das vantagens de fazer isso, é a possibilidade de sermos não só grandes geradores de energia, mas também formadores de mão de obra de qualidade e até exportadores desses talentos”.
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