Enfrentando estado de calamidade pública causada pela seca, moradores do município de Senador Elói de Souza, assim como todo o Brasil, têm sido afetados pela inflação e, consequentemente, pela fome.
Adailton Oliveira, morador do município, que fica situado há 61 KM de capital, conta que a última vez que a sua família comeu carne de boi foi há mais de um mês, quando ele ajudou a tirar o couro de uma vaca.
Ele diz que o animal foi repartido, Adailton ficou com uma das patas dianteiras. Ele e sua esposa, Sebastiana, fizeram o pedaço de carne render por 20 dias, num fogão à lenha improvisado. “O Bolsa Família [de R$ 170] não dá pra nada”, afirma.
Esse relato não é único, no decorrer deste ano as histórias sobre fome e a busca de brasileiros por comida ganharam a mídia nacional. Em Fortaleza, por exemplo, açougues incluíram ossos de primeira e ossos de segunda na lista.
Em assentamentos no interior do Rio Grande do Norte, onde pessoas recorriam a pequenos répteis como o lagarto tijuaçu, já não é mais possível, diz o agricultor Emanuel Gomes. “A mistura, às vezes, é ovo. Às vezes, não tem. Nem calango, nem lagarto tijuaçu tem mais aqui. Eles migram atrás de água,” afirma.
A Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas) do Rio Grande do Norte calcula que 370 mil famílias estejam na extrema pobreza, o maior patamar em uma década.
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