Com a conversão das unidades em atacarejo, a bandeira de hipermercados do Grupo Pão de Açúcar (GPA) deixará de existir; o Assaí quer ampliar a receita desses pontos – que hoje é de R$ 8,9 bilhões – para cerca de R$ 25 bilhões
Publicado 15 de outubro de 2021 às 13:08
O Assaí vai comprar as lojas da bandeira Extra, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar (GPA). O acordo prevê a conversão de 71 unidades da bandeira de hipermercados no formato de atacarejo. O GPA vai receber R$ 5,2 bilhões na operação. A bandeira Extra Hiper será descontinuada, representando a saída do GPA desse segmento.
Nesta sexta-feira, 15, as ações do GPA na Bolsa brasileira começaram o dia em alta de mais 18% enquanto as do Assaí caíam cerca de 6%.
A transação é uma espécie de ação entre amigos, já que tanto o Assaí quanto o GPA são controlados pelo gigante francês Casino. Porém, por ser muito mais lucrativa do que o restante do grupo, a operação do atacarejo foi desmembrada do GPA, ao qual pertencia. Isso ocorreu justamente para evitar que o Assaí fosse “contaminado” pelas operações pouco lucrativas do conglomerado – sendo a do hipermercado Extra uma das mais desafiadoras. As lojas devem passar ao Assaí em janeiro de 2022.
Com a emergência do atacarejo – segmento que tem como líder o Atacadão, que pertence ao Carrefour Brasil -, analistas de varejo têm há alguns anos apontado que o formato de hipermercado perdeu ímpeto. O próprio presidente do GPA, Jorge Faiçal, afirmou nesta quinta-feira, 14, que o “atacarejo tem se transformado no novo hipermercado do brasileiro”. Em 2018, o Walmart – consagrado no exterior por suas grandes lojas – deixou o País diante de resultados ruins com seus hipermercados.
Em comunicado, Faiçal disse que a transação representa uma oportunidade de intensificar o foco dos negócios do conglomerado nos segmentos premium, com as bandeiras Pão de Açúcar, Minuto e Mercado Extra. Já Belmiro Gomes, do Assaí, argumentou que a operação irá acelerar a expansão do formato de atacarejo. Segundo ele, as bandeiras têm hoje baixa sobreposição de lojas.
O Assaí vai ganhar cerca de 450 mil metros quadrados de área de vendas que estão localizadas em capitais ou regiões metropolitanas. A expectativa é de que as lojas, que têm hoje cerca de R$ 8,9 bilhões de faturamento anual, passem a R$ 25 bilhões depois da conversão para Assaí. Com a compra e a expansão orgânica, Gomes espera chegar a R$ 100 bilhões de faturamento no fim de 2024.
A localização das lojas é um ponto alto, disse Gomes. “Embora o mercado de atacarejo tenha avançado muito nos últimos anos, o mercado imobiliário estava aquecido. A maior parte das lojas de ‘cash & carry’ (atacarejos) não está em regiões centrais pela falta de disponibilidade de terrenos grandes”, diz.
Dentre os 71 pontos do Extra Hiper vendidos ao Assaí, há ativos imobiliários que fizeram parte do acordo da Península Participações, empresa de investimentos de Abilio Diniz, e o GPA, firmado em julho deste ano. “Depois da separação do Assaí, a companhia buscou resolver questões mais estruturais do hipermercado, entre elas o contrato com a Península, que é proprietária de vários imóveis que são parte dessa transação. Assim que tivemos o contrato com a Península resolvido, tivemos mais flexibilidade para decidir o que fazer com os hipermercados”, disse Faiçal.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, as unidades que pertenciam à Península eram estratégicas para a transação, pois se tratavam de alguns dos pontos mais cobiçados pela rede de atacarejo. Faiçal diz, porém, que na época da cisão com o Assaí, a discussão sobre a venda desses pontos comerciais ainda não estava madura. Assim, a participação da Península não seria o único motivo para que a negociação não tivesse sido feita à época.
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