Primeiros passageiros desembarcam do KC-30 do Governo Federal na Base Aérea de São Paulo. Foto; Jéssica Gomes / Secom / PR

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Mundo Primeiro voo com repatriados do Líbano pousa em São Paulo com 228 passageiros e três pets

O KC-30 do Governo Federal pousou às 10h25 deste domingo, 6 de outubro, na Base Aérea de Guarulhos com 228 passageiros

por: NOVO Notícias

Publicado 6 de outubro de 2024 às 11:43

té que enfim vão parar os sons de bombas”. A declaração de Karla Araújo Cardoso vem acompanhada de um olhar que conjuga o sentimento de deixar para trás uma história construída por sete anos longe do Brasil e a felicidade de sair de uma zona de guerra. O KC-30 do Governo Federal pousou às 10h25 deste domingo, 6 de outubro, na Base Aérea de Guarulhos com 228 passageiros, entre brasileiros e familiares, e três animais domésticos repatriados do Líbano.

A chegada, acompanhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Base Aérea de São Paulo, conclui a primeira escala da Operação Raízes do Cedro. “Estou indo para a minha casa”, resumiu Mariam Sadek. “Muito gratos ao governo brasileiro, que sempre está cuidando dos seus cidadãos”, afirmou, emocionada, Raghida Hammout.

O voo priorizou mulheres, idosos e crianças, dez delas de colo.  Um trabalho de articulação que envolve equipes do Ministério das Relações Exteriores em Brasília e na Embaixada do Brasil em Beirute e a ação operacional da Força Aérea Brasileira.

Na tarde do sábado, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) telefonou ao embaixador do Brasil no Líbano, Tarcísio Costa, para agradecer pelo trabalho do time libanês no diálogo com a comunidade brasileira, de cerca de 20 mil pessoas, e no planejamento e organização da repatriação. Cerca de três mil manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Diplomatas e funcionários da área consular apoiam a confecção das listas e conferem documentações.

Tarcísio, inclusive, acompanhou os brasileiros até a entrada no avião em Beirute. “Gostaria de desejar a todos e a cada um de vocês uma feliz viagem ao nosso país. Que tenham um trajeto tranquilo”, desejou, usando o sistema de comunicação do KC-30 com os 228 embarcados.

O esforço foi notado por Sônia Luiza da Silva, uma das repatriadas. “Quero agradecer a todos que participaram direta e indiretamente para que esse voo pudesse acontecer, porque não foi fácil, exigiu muitos colaboradores”, disse. “Quero agradecer primeiro a Deus e depois ao nosso presidente. Ele tirou a gente da guerra. Estávamos debaixo da guerra”, completou Maria Hussein Hindi.

RECEPTIVO

Na tripulação do KC-30 veio uma equipe multidisciplinar com três médicos, dois enfermeiros e dois psicólogos para garantir acolhimento e assistência. E, quando o KC 30 da FAB tocou a pista da Base Aérea de Guarulhos, os brasileiros já tinham à disposição um receptivo do Governo Federal. Um grupo de 35 profissionais ligados aos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Saúde, dos Direitos Humanos, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome estava a postos.

ACOLHIMENTO

Servidores da Polícia Federal, da Anvisa e da Receita Federal foram designados para facilitar o processo de imigração. Para prestar atendimentos emergenciais e atualizar cadernos de vacinação, foram destacados 15 integrantes da Força Nacional do SUS.Todos foram treinados no acolhimento sobre questões éticas, culturais e como é o comportamento para receber repatriados do Líbano.

“Tem atendimento de urgência e emergência, de acolhimento, para ver os primeiros sinais e sintomas de algum agravo, de alguma doença crônica agudizada. E tem os primeiros cuidados psicológicos, fazer a abordagem para ver se o que eles estão sentindo está esperado dentro da normalidade, ou se é há alguma intervenção que precisamos fazer”, explicou Renato Oliveira Santos, ponto focal da missão de campo da Força Nacional do SUS. “É importante dizer que as equipes foram divididas entre homens e mulheres que falam português, árabe ou francês. São equipes mistas para a gente conseguir ter uma comunicação fluida”, completou Debora Noal, ponto focal de saúde mental e atenção psicossocial da Força Nacional do SUS.

Uma força-tarefa entre MRE e Justiça vai indicar locais de estadia e orientações sobre locomoção dentro do território nacional. O Ministério do Desenvolvimento Social escalou um time de assistentes sociais para casos em que a família não tenha mais vínculos definidos no Brasil. Se for necessário, a pasta atua numa política de abrigamento e avalia situações de vulnerabilidade para agilizar acesso ao Cadastro Único e a programas como o Bolsa Família.

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