Governadora Fátima Bezerra defende conciliação no caso dos terrenos da Via Costeira. Foto: Sandro Menezes/GovRN

Governadora Fátima Bezerra - Foto: Sandro Menezes/GovRN

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Artigo Renegociação das dívidas dos estados é imperativo à isonomia, diz Fátima Bezerra

Governadora ressalta que uma solução justa não pode ignorar desigualdades regionais e socioeconômicas

por: NOVO Notícias

Publicado 30 de julho de 2024 às 11:21

Governadora Fátima Bezerra defende conciliação no caso dos terrenos da Via Costeira. Foto: Sandro Menezes/GovRN

Governadora Fátima Bezerra – Foto: Sandro Menezes/GovRN

A governadora do Rio Grande do Norte e presidenta do Consórcio Nordeste, Fátima Bezerra, publicou um artigo na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (30) abordando questões cruciais sobre a reconstrução do país e a necessidade de uma renegociação justa das dívidas dos Estados com a União.

A governadora enfatiza que qualquer solução para o endividamento dos Estados deve levar em conta as desigualdades regionais e socioeconômicas. Ela destaca que quatro Estados com maior participação na economia nacional são responsáveis por 90% da dívida com a União, enquanto Estados com capacidade de investimento limitada devem muito pouco.

O argumento aponta que os empréstimos e garantias da União, que alavancaram as economias dos Estados mais ricos, não foram igualmente acessíveis às regiões Norte e Nordeste, perpetuando desigualdades históricas.

O artigo também critica as medidas eleitoreiras do governo anterior, que reduziram a arrecadação de ICMS em R$ 124 bilhões por ano, afetando severamente os orçamentos estaduais. Bezerra defende a criação de um fundo de equalização, com uma fonte segura de recursos, para garantir que a distribuição dos recursos promova a redução das desigualdades regionais.

Apoio à utilização do critério do Fundo de Participação dos Estados

Além disso, a governadora apoia a utilização do critério do Fundo de Participação dos Estados (FPE) para a distribuição dos recursos, garantindo um equilíbrio socioeconômico. Bezerra acredita que o debate sobre a renegociação das dívidas é essencial para a superação das desigualdades sociais e regionais e para a garantia de direitos de cidadania ao povo brasileiro.

O artigo conclui com um apelo à cooperação federativa e ao diálogo entre o Governo Federal, Estados e Municípios para a construção de uma solução justa e equitativa para todos.

Confira o artigo na íntegra:

Renegociação das dívidas dos estados e o imperativo da isonomia

O tema da renegociação das dívidas com a União volta ao debate neste momento em que o governo federal e o Congresso Nacional, através do diálogo com os estados, buscam uma solução para o endividamento e consequentes dificuldades destes. Dificuldades agravadas pelas medidas eleitoreiras do governo anterior, que alterou o regime de tributação dos combustíveis, energia e telecomunicações sem qualquer diálogo ou compensação para estados e municípios, promovendo reduções em seus orçamentos e reduzindo em R$ 124 bilhões por ano a arrecadação de ICMS. Para que essa solução seja justa, ela não pode ignorar as desigualdades existentes entre os entes federativos, do ponto de vista dos diferentes níveis de endividamento com a União, e, principalmente, das desigualdades regionais e socioeconômicas conhecidas por todos. Os quatro estados com maior participação na economia nacional respondem por 90% de toda a dívida com a União, enquanto outras unidades da Federação, que sofrem com limitada capacidade de investimento e dificuldades com o custeio de suas obrigações básicas, devem muito pouco.

Não é por mera coincidência que, na liderança do ranking dos estados mais endividados, figuram as maiores economias estaduais. Foram exatamente os empréstimos e garantias da União, componentes dessas dívidas, que permitiram alavancar as economias desses estados — tratamento este que não foi estendido às demais regiões do Brasil, especialmente o Nordeste e o Norte. Não é errado que os recursos públicos sejam destinados para garantir o crescimento da economia e a melhoria das condições de vida do povo. Mas sua distribuição precisa ser mais justa, menos concentradora e excludente, e não beneficiar apenas as economias mais desenvolvidas — como historicamente foi feito no Brasil.

Qualquer proposta que não considere essa realidade, e deixe de contribuir para alterá-la, insistindo em tratar os desiguais de maneira igual, incorrerá em dois erros: um econômico, por deixar de valer-se dos potenciais subaproveitados de crescimento do país, como da região Nordeste; e um ético-político, por afastar o princípio constitucional fundamental da erradicação das desigualdades. Assim, a proposta em discussão do fundo de equalização é uma sinalização positiva, porém carece de um debate mais aprofundado quanto a seus detalhes.

É preciso garantir que o fundo tenha fonte segura de recursos para que não tenhamos apenas uma promessa vazia de ajuda. Aqui, a ideia de direcionar para o fundo uma parte do que será economizado com o não pagamento de juros à União é uma boa solução. Ponto ainda mais relevante e crucial é que a distribuição dos recursos do fundo seja feita a partir de parâmetros que reduzam as desigualdades regionais. Defendemos que seja adotado o critério já consagrado do FPE (Fundo de Participação dos Estados), que garante o equilíbrio socioeconômico entre os estados e permite uma distribuição justa dos recursos.

Sabedores de que este é um debate politicamente tão sensível quanto necessário, acreditamos que o país precisa dar esse passo. A resolução aprovada pelo Conselho da Federação sobre o tema é um bom guia. Naquele espaço, pautados pelo diálogo e pela cooperação federativa, representantes do governo federal, dos estados e dos municípios trabalharam em conjunto e acordaram premissas para a renegociação das dívidas que levam em conta as desigualdades regionais e as necessidades e peculiaridades de cada ente federado, inclusive a situação excepcional do Rio Grande do Sul.

Entendemos que a reconstrução de nosso país passa também pela capacidade de nos unirmos na direção da superação das nossas desigualdades sociais e regionais e da garantia de direitos de cidadania ao conjunto do povo brasileiro. Para tanto, é preciso não esquecer do imperativo da isonomia, que passa por não tratar os desiguais de maneira igual, e dar condições para que todos os estados tenham capacidade de investimento e fortalecimento de suas políticas públicas. Confiamos que o diálogo prospere, e nossos passos caminham nessa direção.

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