Centésima edição mais do que necessária
Olá, pessoal! A Coluna Toque de Letra chega a sua centésima edição. É verdade que ao longo destes quase dois anos e com esta marca expressiva, a nossa Coluna Semanal poderia comemorar de outra forma. Mas a necessidade dos fatos da última semana e dos casos que acontecem diariamente fez com que, nesta edição, vozes e sentimentos seguissem entoando para dar um basta em qualquer tipo de violência, principalmente contra a mulher. Dito isto, a edição 100 será delas.
Edlene Freire, Árbitra Assistente
Tem coisas ali no campo, por exemplo, que não gostaríamos de ouvir, mas infelizmente nada escapa. Seja em qualquer área, existem mulheres que já sofreram esse trauma do qual infelizmente se calam, seja pelo constrangimento no âmbito familiar, seja até mesmo no âmbito social. Além disso, elas têm que enfrentar as consequências psíquicas e físicas, que se não tratadas, nunca voltam ao seu estado normal. Não existem desculpas para essas atrocidades. DENUNCIEM! Não se intimidem, não deixem impune. Chega de passar pano para quem pratica essas atrocidades.
Denise Fernandes, Técnica de Futebol
Como mulher e técnica de futebol, sinto-me indignada e entristecida por ver figuras influentes no esporte envolvidas em crimes tão pavorosos. É fundamental que a educação seja um componente central na prevenção. Devemos priorizar a educação sobre consentimento, igualdade de gênero e respeito mútuo desde as idades mais jovens. Além disso, é crucial que as instituições esportivas e a sociedade como um todo adotem uma postura de tolerância zero contra a violência sexual e garantam que casos de abuso sejam tratados com seriedade e justiça, independentemente do status ou fama dos envolvidos.
Gabi Barrozo, jogadora
Do meu ponto de vista, é preciso ver bandido como um bandido, independente da sua classe social ou status. Errou? Paga, como qualquer outra pessoa. Nos casos citados, grande parte das pessoas “passam o pano” porque são jogadores de futebol. A verdade é que são pessoas que cometeram crime e isso deve as qualificarem como realmente deve ser, não importa quem são ou o quão famosos são.
Ana Karla Martins, jornalista esportiva
Esses jogadores fazem parte de uma geração que vive sob a luz da impunidade. Isso é o reflexo de uma sociedade inconsequente e que não consegue ter o mínimo de respeito às mulheres. Trabalho com futebol há muito tempo e sempre foi um desafio viver em um ambiente tão machista e, para as mulheres, o caminho é sempre mais árduo. Espero muito que essas prisões, de duas figuras que já serviram a seleção brasileira e que serviram de influência para tantos meninos, façam com que todos reflitam sobre o respeito. Sobre como, independente da situação, é preciso saber que mulheres são seres humanos e merecem respeito.
Vanessa Pessoa, Torcedora do ABC
É muito triste perceber que mesmo após condenados, num crime tão chocante, ainda existem muitos comentários minimizando o fato, como o próprio treinador da Seleção Brasileira fez, além de que foi preciso uma mulher (Leila Pereira), para que o assunto fosse levantado na Seleção. A luta contra esse tipo de crime é de todos. É preciso uma mudança na mentalidade e na sensação de impunidade que esses criminosos tem. Robinho achou que sairia impune, a justiça brasileira mostrou que não. Espero que Daniel Alves tenha o mesmo destino.
Carmen Gabrielli, Torcedora do América
O que me surpreende é o silêncio de quem tem o poder e o dever de falar sobre isso. Foi necessário que uma mulher se expusesse e falasse sobre o assunto (Leila Pereira) para que a CBF quebrasse o silêncio. Medidas precisam ser tomadas. O mundo do futebol precisa ser mais inclusivo com as mulheres. Que as denúncias de assédio sejam levadas a sério e não ironizadas ou ofuscadas com uma passada de mão na cabeça do criminoso, seguida de um “mas ele é uma pessoa maravilhosa, um ídolo do futebol brasileiro”.
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