Parar de fumar, fazer mais exercícios, alimentar-se de maneira saudável. Todos os anos traçamos grandes planos – e, muitas vezes, fracassamos miseravelmente. Mas isso pode mudar! Ideias para começar bem 2024 não faltam: emagrecer, beber menos, meditar mais e assim por diante. Mas espere um momento! As resoluções do ano passado e do retrasado (e dos anos anteriores a eles) não são curiosamente semelhantes às novas? Exatamente. Elas são, aliás, provavelmente iguais. Não é de se admirar!
O entusiasmo com que iniciamos cada novo ano é semelhante aos fogos de artifício no réveillon: após um grande estrondo e luzes fortes, tudo vira pó. Nossa preguiça interior toma as rédeas e tudo se repete, ano após ano. Mas isso não precisa ser assim. Basta manter algumas coisas em mente para fazer de 2024 um ano realmente bom.
“O maior erro que se pode cometer é prometer muitas coisas ao mesmo tempo”, diz o psicólogo esportivo e trabalhista Mario Schuster. Quem deseja não apenas parar de fumar, mas também cortar os doces da dieta e finalmente começar a correr, com certeza ficará sobrecarregado. “Para quebrar velhos hábitos, precisamos de força de vontade”, explica Schuster. Isso, porém, não é algo que costumamos ter em abundância. Perseguir vários objetivos ao mesmo tempo também obriga nossa força de vontade a trabalhar em diversos frontes – levando a um rápido esgotamento. No final, acabamos não chegando a lugar algum. “Não há nada de errado em mudar vários hábitos”, afirma o psicólogo. “O importante é que seja uma coisa de cada vez.”
Devemos, portanto, escolher uma resolução na qual possamos nos concentrar totalmente. Mas qual delas? Afinal, elas são todas razoáveis e sensatas. A resposta parece simples: “Tem que ser divertido. Precisamos de uma abordagem positiva à mudança que queremos fazer”, afirma Schuster. “Tenho que parar de fumar” e “Quero parar de fumar” podem diferir apenas marginalmente em termos linguísticos. De uma perspectiva psicológica, contudo, ter ou querer fazer algo é crucial para o sucesso de um projeto a longo prazo.
Aqueles que em 2023 passaram a maior parte do tempo livre deitados no sofá e agora planejam em 2024 correr uma hora, quatro vezes por semana, estão estabelecendo padrões extremamente altos – provavelmente altos demais. Um sedentário convicto que passa o dia em frente à televisão pode tranquilamente ficar contente caso consiga se mexer um mínimo de duas vezes por semana, mesmo que seja por apenas meia hora. “A regularidade é mais importante do que a duração e a intensidade”, explica o psicólogo esportivo Schuster. Afinal, trata-se de estabelecer o esporte como um novo hábito. Quem não se sobrecarrega logo no início, tem mais chances de se divertir (vide ponto 2) e, com isso, concretizar suas boas intenções.
Digamos então que a resolução foi escolhida e tomou forma. “Agora pode ser útil compartilhá-la com algumas pessoas”, diz o psicólogo, acrescentando que isso fortalece o compromisso. Uma promessa que fazemos sozinhos num cantinho silencioso é quebrada mais rapidamente do que aquela que proclamamos em voz alta.
O ano começa e as boas intenções seguem avançando conforme o plano – até que tropeçamos na primeira pedra de desmotivação. Junto com isso, bate aquela saudade do cigarro. Ou é simplesmente a força gravitacional do sofá, que nunca foi tão grande! Cedemos e fumamos – deitados. E agora? “Não se condene em hipótese alguma”, alerta Schuster. Segundo o especialista, isso rapidamente ameaçaria derrubar o projeto por completo. Recaídas são sempre possíveis e talvez até prováveis. E não há nenhum mal nisso! Em vez disso, o foco deve estar nas experiências de sucesso – não importa quão pequenas elas possam parecer. Isto fortalece a nossa autoeficácia, explica Schuster. “Autoeficácia é a crença de uma pessoa de que pode fazer algo por conta própria.” Qualquer pessoa que mantenha essa crença em si mesma não jogará a toalha tão rapidamente.
Mesmo as boas intenções podem ser más. Isso acontece quando a integração delas em nossas vidas exige um esforço imenso ou quando a força motriz é “eu tenho que” e não “eu quero”. Se mesmo com todo o alarde terminamos fracassando, e quando nosso julgamento de nós mesmos mata completamente nossa autoeficácia, precisamos admitir que mesmo as melhores intenções não são automaticamente boas. Antes que isso aconteça, melhor começar o novo ano sem resolução nenhuma.
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