Uma operação conjunta do Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar, resgatou 38 pessoas que eram mantidas em cárcere privado em um centro de reabilitação na cidade de Extremoz, na região da Grande Natal.
De acordo com relatos das vítimas, e até de alguns instrutores do local, o tratamento incluía a utilização de armas de choque, agressões e até espancamento.
Todas as vítimas foram levadas a uma unidade do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da cidade de Extremoz, enquanto que o diretor da clínica foi levado a uma delegacia de polícia civil para prestar depoimento.
“Todos lá dentro estavam sofrendo. E as nossas famílias se matando para pagar R$ 1,200 para eles fazerem isso com a gente”, desabafa uma das vítimas resgatada nesta quinta-feira (7).
Um dos coordenadores do local também relatou casos de agressão que ele e monitores do local eram obrigados a fazer com internos.
“Nós éramos obrigados a bater no pessoal. Com arma de choque e eu tenho provas que foi usada quatro vezes com um interno na perna, nos braços e em parte do peito, e isso não pode. E também eu trabalhava abnegado, pois não recebia nada. Eu terminei o meu tratamento e o dono ainda ficou me devendo”, explicou.
“Ele ficou me devendo três meses, e eu não aguentei, fui pra casa, e então ele manipulou minha família e me trouxe de volta, porque o que ele faz é isso”, completou o mesmo homem que passou pelo tratamento e também trabalhou como coordenador do local, seguindo ordens do dono do local para agredir internos.
A defesa do proprietário da clínica negou as acusações e questionou a ação da polícia, que ele alega ter ocorrido sem o devido mandado judicial.
“Essas acusações são todas inverídicas, serão rechaçadas no momento certo, perante a justiça. E no momento a autoridade policial está apurando. O que aconteceu de fato foi abuso de autoridade por parte da Polícia Militar que chegou junto com uma pessoa do Ministério Público para entregar um despacho. Ao chegar no local a Polícia adentrou sem autorização. Segundo as informações que estamos apurando, arrombaram o portão, entraram sem mandado judicial, feito uma verdadeira devassa procurando provas, e o que encontraram lá foi um ‘taser’ e dois facões, mas lá se trata de um sítio”.
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