Mesmo com graduações nas áreas de Letras, Ciências Sociais e Ciências Políticas, foi na música que o potiguar Israel Tenório encontrou sua paixão e verdadeira vocação. A carreira musical começou em 2001 com a banda de rock cristão Kruyssen, que teve três álbuns lançados e uma mistura única de rock progressivo com orquestrações. Depois, veio a banda 3passos, fundada por ele, que se tornou uma referência em eventos corporativos e no competitivo mercado de casamentos, com mais de 250 apresentações ao ano.
Em junho de 2019, a oportunidade surgiu e o músico decidiu largar a agitada – e já estabilizada – carreira em Natal para ir morar na cidade de Tampa, na Flórida/EUA. Mesmo com uma pandemia no ‘meio’, Israel Tenório decidiu insistir e continuar lutando pela decisão que havia tomado meses antes. Agora, quatro anos depois, o reconhecimento já garantido pelos aplausos da plateia americana se consolida em uma premiação. No último sábado (2), o músico nascido em Natal/RN, recebeu o prêmio “Notáveis” ao qual foi indicado como destaque artístico da Flórida. A premiação indica vários destaques brasileiros de todos os estados dos EUA e, depois, os vencedores são escolhidos por votação popular.
Reconhecido pela qualidade musical, versatilidade e habilidades como guitarrista e vocalista, a paixão pela música e o comprometimento na promoção da cultura brasileira nos EUA são evidentes em suas atuações especiais para a comunidade brasileira na Flórida. Israel traz consigo a vibração do carnaval e as raízes do Nordeste, inclusive ao tocar a guitarra baiana, um instrumento que aprendeu para melhor difundir a riqueza musical do Brasil no exterior.
O prêmio “Notáveis” é o mais recente marco na carreira de Israel Tenório, somando-se a outras conquistas como o Prêmio Hangar de Música na categoria melhor banda gospel em 2008 e sua associação como membro votante do Grammy Latino.
Confira entrevista do músico potiguar ao NOVO:
NOVO: Como foi para você sair da sua cidade 4 anos atrás? O que te atraiu?
ISRAEL TENÓRIO: Olha, certa vez, fazendo um show no antigo Decky na Copa do Mundo de 2014, um californiano me abordou no final do show e disse: “Você sabia que esse foi um dos melhores shows da minha vida? Você sabia que iria se dar muito bem na Califórnia? Só se vive uma vez. Tome o meu cartão e eu te dou um lugar para morar se for para lá até se estabilizar”. Já ouvi de tudo nessa vida de músico, todo tipo de promessa e confesso, eu perdi o cartão dele, mas não esqueci das suas palavras. Aquilo me remoeu por cinco anos, até que tive a oportunidade de vir para cá e não larguei.
NOVO: Você se mudou para os EUA em 2019 e, no início de 2020, “estourou” uma pandemia. Como foi ter que se reinventar mais uma vez e lutar para sobreviver da música em um país diferente e em meio ao isolamento social?
IT: Foi muito difícil, fiz de tudo um pouco enquanto a cidade voltava ao normal. Por sorte, [a cidade de] Tampa foi uma das cidades americanas que mais ficou em “funcionamento “ durante da pandemia.
NOVO: Qual foi a experiência mais marcante durante estes quatro anos morando na Flórida?
IT: Olha, pode parecer clichê demais, mas primeiro foi conhecer a Disney, e depois me apresentar na Disney Springs.
NOVO: Qual foi o maior desafio?
IT: Acho que meu maior desafio foi recomeçar, e vou ser sincero, dói. Dói recomeçar uma carreira aos 34 anos de idade. Eu também era professor em Natal, então dói também “esquecer das graduações” e viver o novo desafio da música, se bem que a música já estava tomando proporções maiores em minha vida. Então, é preciso muita força de vontade e ter a certeza do caminho que estamos trilhando, porque os desafios são inúmeros e continuam sendo. São uma série de pequenas realizações para construir uma vida consistente como músico fora do país.
NOVO: No último sábado, você recebeu o Prêmio ‘Os Notáveis’. Como você se sentiu em ser agraciado com essa homenagem?
IT: Olha, é emocionante olhar para trás e receber esse reconhecimento. Eu me vejo no passado enquanto eu pesquisava e estudava o mercado, pensando se um dia eu estaria lá. Diante de um prêmio desse, vejo que aqui estou e onde consegui chegar representando nossa terrinha.
NOVO: A sua fluência em inglês lhe permitiu alcançar públicos diversos. Como você vê o papel da sua música em promover a cultura brasileira internacionalmente?
IT: Realmente, a comunicação em inglês ajuda muito a divulgar a música brasileira. Há um grande apreço pelo que é diferente aqui. A música brasileira se encaixa numa espécie de smooth jazz muito apreciado. A cultura brasileira começa a ser promovida no momento que existe um brasileiro, nordestino, tocando nos EUA. Há algo sempre especial, no jeito, na pegada, na mistura, no ritmo, nas escalas e na forma de falar. Aqui no país mais multicultural do mundo, essa diversidade é muito bem-vinda.
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