IX Torneio Reitor Onofre Lopes – Foto: Fábio Rodrigues
Estiveram reunidos neste fim de semana, no Ginásio Poliesportivo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), 139 participantes, de todas as idades, na 9° edição do Torneio de Xadrez Reitor Onofre Lopes. O evento da Federação Norte-Rio-Grandense de Xadrez, em parceria com a Coordenadoria de Esporte da UFRN (COESPE) e Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), premiou os melhores jogadores do estado nas modalidades rápido e blitz.
O Campeonato teve sua última edição em 2019, retornando esse ano após as medidas restritivas da pandemia da covid-19 com o objetivo de premiar os melhores enxadristas do estado, em diversas categorias. Para o coordenador do evento, Máximo Igor Miranda de Macedo, o torneio, que conta com bastante interação entre as categorias, causa uma evolução natural no jogo dos participantes.
Com várias crianças e adolescentes presentes, Máximo explicou que “o Xadrez é um jogo com uma base matemática e as escolas adotam como uma ferramenta pedagógica, por isso o público jovem é bem frequente”.
Para o bacharel em direito e estudante de políticas públicas Vitor Firmo, de 29 anos, vencedor na modalidade blitz absoluto e 4° colocado na modalidade rápido, a competição é também um teste de resistência. “São várias rodadas seguidas, mas no geral estou satisfeito com minha performance e resultado”, disse o competidor, que pratica xadrez desde os seis anos, já acumula diversos títulos, dentre eles o de Mestre Nacional, mas revelou que tem grandes expectativas no esporte. “Espero conseguir o título de mestre FIDE, que é meu próximo passo e se possível ganhar mais torneios como esse”, afirmou.
Já para Beatriz Ribeiro, de 12 anos, estudante na Escola Municipal Profa. Adelina Fernandes, o xadrez é uma grande novidade. “Eu comecei a estudar quando o meu professor de educação física me chamou para jogar, há uns dois anos”, contou. Participante de primeira viagem no torneio, Beatriz confessou que sua pressão chegou a cair de nervosismo. “Perdi a primeira partida, mas me recuperei e ganhei a segunda rodada. Me senti mal quando perdi, mas fiquei feliz por dar o meu melhor”, confessou.
Quando questionada sobre a participação de meninas no esporte, a garota defendeu um maior incentivo: “acho que as meninas podem ter o mesmo resultado que os meninos, porque o gênero não mede inteligência, por isso eu pretendo incentivar outras garotas a jogarem também”.
Vista como um incentivo feminino ao esporte por acumular vários títulos, dentre eles o mais recente, de Mestre Nacional Feminino, a enxadrista Renee Blandy, de 33 anos, saiu vitoriosa nesta edição do torneio, como 1° colocada no geral feminino de rápidas e como vice campeã no feminino de Blitz.
Jogadora há 20 anos, Blandy contou sobre as dificuldades de jogar profissionalmente. “É bem difícil arranjar patrocínio, mas a gente tenta jogar num nível profissional. Já tive um apoio significativo da Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura do Natal, que me ajudou com passagens para eu ir para os torneios, mas agora estou buscando incentivo”, confessou.
Consciente de que suas conquistas no xadrez servem de estímulo para o público feminino no esporte, Blandy incentiva que enxadristas mulheres participem de competições e busquem destaque. É o que ela pretende fazer. “Eu quero consolidar uma carreira no xadrez feminino e buscar mais titulações daqui para frente”, afirmou.
Também como incentivo ao xadrez, o Mestre Nacional, árbitro regional e técnico Márcio Jordão, de 28 anos e que já atua no esporte há 20, apresenta-se como professor na “Oficina de Xadrez”, uma iniciativa do “Projeto Celeiro” em parceria com a ONG potiguar Atitude Cooperação. O projeto envolve estímulo a esportes para jovens de 8 a 18 anos em situação de vulnerabilidade social. “É um projeto que já existe há bastante tempo, eu comecei lá em 2015, entrando pela Federação de xadrez. Com a iniciativa já ganhamos alguns títulos, como o JEB’s por equipes e o 3° lugar no brasileiro rápido” explicou Jordão, acrescentando ainda que “existe a parte competitiva, mas o foco é ser uma iniciativa pedagógica”.
Atualmente o projeto conta com três escolas parceiras do município e a preferência pelos integrantes é por moradores dos bairros vizinhos: Felipe Camarão, Bom Pastor e Cidade da Esperança. Para Jordão, qualquer um pode começar no xadrez. “Hoje na internet existem vários materiais gratuitos, mas é bom ter um direcionamento, com uma aprendizagem mais especializada” disse o enxadrista, que ficou como 1° colocado na categoria absoluto rápido do torneio.
O próximo evento previsto pela organização é a final aberta do Campeonato Potiguar Absoluto e Feminino 2022, marcado para acontecer entre os dias 1 e 4 de dezembro no Colégio das Neves, e que deve distribuir uma premiação de R$2.500, além de medalhas para os melhores colocados nas categorias absoluto, feminino e sênior. A inscrição pode ser feita através do link: http://t.ly/f7Mb.
Por Manuela Torres.
