O Rio Grande do Norte possui 47 reservatórios, com capacidade acima dos 5 milhões de metros cúbicos, monitorados pelo Igarn – Foto: Divulgação
Os atuais volumes nos reservatórios do Rio Grande do Norte já garantem água suficiente para o abastecimento humano nos municípios do estado até 2023. A afirmação é do diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas do RN, Auricélio Costa, baseada no último levantamento divulgado pelo órgão. Entretanto, ele pondera que o ideal é que as chuvas tenham continuidade e ocorram de forma bem distribuída para garantir um bom ano agrícola e uma boa produção no campo.
Na semana passada, o Igarn divulgou o Relatório do Volume dos Principais Reservatórios Estaduais, indicando que as últimas chuvas elevaram os níveis de barragens e lagoas do RN. O maior reservatório do estado, a Armando Ribeiro Gonçalves, em Assu, está com 47,41% de sua capacidade total – o que representa um volume de 1.124.964.716 m³.
Já o segundo maior reservatório estadual, a barragem Santa Cruz do Apodi, acumula 206.914.220 m³, equivalentes a 34,5% da sua capacidade total, de acordo com os números do relatório.
Porém, o reservatório que mais acumulou água nas últimas chuvas foi o açude Beldroega, em Paraú, que está acima de sua capacidade de armazenamento, chegando aos 61,26% do total. Em meados deste mês, quando outros números haviam sido divulgados, o nível era de 38,41% – o que demonstra o quanto choveu naquela região.
O Rio Grande do Norte possui 47 reservatórios, com capacidade acima dos 5 milhões de metros cúbicos, monitorados pelo Igarn. São eles os responsáveis pelo abastecimento da maioria das cidades do interior do estado. O Relatório do Volume dos Principais Reservatórios Estaduais aponta que as reservas hídricas superficiais do RN atingiram 39,26% de sua capacidade total, ou seja 1.718.573.135 m³.
Entre os reservatórios listados no Relatório do Volume dos Principais Reservatórios Estaduais, as e lagoas também têm seus volumes registrados, com destaque para a de Extremoz e a de Bonfim, na Grande Natal, e a do Boqueirão, em Touros. Em entrevista ao NOVO Notícias, o diretor-presidente do Igarn, Auricélio Costa, cita a importância delas para o abastecimento da capital (confira abaixo).
Um dos mananciais mais tradicionais da Região Metropolitana de Natal, a lagoa de Extremoz está com 81,02% de sua capacidade total. Ela é responsável por parte do abastecimento da zona Norte da capital. Já a lagoa do Bonfim, ponto de veraneio de famílias de classe média alta e que vive sob ameaças constantes de secar devido ao uso de suas águas, apresenta volume correspondente a 44.72% de sua capacidade. Bonfim alimenta a adutora Monsenhor Expedito, que abastece diversas cidades do Rio Grande do Norte.
Localizada em Touros, distante 87 km de Natal, a lagoa do Boqueirão, aparece no levantamento com 88,2% da sua capacidade total, que é de 11.074.800 m³. Em meados de março, o manancial estava com 9.419.078 m³, equivalentes a 85,05% da sua capacidade.
Auricélio Costa, Diretor-presidente do Igarn – Foto: Heráclito Patrício
NOVO – Levando em consideração os volumes acumulados em todas as bacias do Estado, pode-se afirmar que é boa a situação hídrica do Rio Grande do Norte?
Sim, podemos afirmar que o atual volume de 39% de capacidade dos 47 maiores reservatórios do estado garantem o abastecimento humano; claro que em algumas regiões com alguma dificuldade de adução de água para abastecimento.
NOVO – O levantamento divulgado pelo Igarn mostra também a situação das lagoas. Qual a importância delas para o abastecimento de regiões do Estado. E qual a real situação da lagoa do Bonfim, que vinha perdendo volume devido a retirada de água para abastecimento? Há o risco de ela secar?
As lagoas são muito importantes para o abastecimento de algumas regiões do estado com a Lagoa de Extremoz para o abastecimento da zona norte de Natal, a Lagoa do Jiqui para a zona sul de Natal, a Lagoa de Boqueirão para a região de Touros e a Lagoa do Bomfim para o abastecimento de grande parte da região agreste do estado. No momento o risco da Lagoa do Bomfim diminuiu bastante com a recarga do lençol freático pelas chuvas que estão caindo, no entanto a mesma ainda se encontra no estado de alerta pelo IGARN.
– Por fim, quais as perspectivas do Governo do Estado para garantir a segurança hídrica do RN? Qual o papel de Oiticica e Passagem das Traíras nesse processo?
A água acumulada nos reservatórios e aquíferos subterrâneos do estado nos últimos anos tem sido suficiente para garantir o abastecimento da população do estado, no entanto ainda falta a integração das adutoras atuais aos grandes reservatórios e aquíferos, para permitir que água acumulada seja distribuída para todas as cidades do Rio Grande do Norte. Nesse sentido o estado fez o projeto Seridó que integra as adutoras da região Seridó e que está sendo licitado pelo Governo Federal.
A barragem de Oiticica está sendo construída para receber as águas do Projeto de Integração do São Francisco e vai garantir segurança hídrica para a região do Seridó e a Barragem de Passagem das Traíras está sendo recuperada e vai complementar o abastecimento da região.
