Lula discursa para representantes de movimentos culturais e sociais em Natal – Foto: Carlos Azevedo/NOVO Notícias
Centenas de pessoas lotaram o auditório do hotel Holiday Inn, em Lagoa Nova, Zona Sul de Natal, para ver o ex-presidente Lula, que chegou ao Rio Grande do Norte na noite desta segunda-feira (23) e na tarde desta terça se reuniu com representantes de movimentos culturais e sociais, além de representantes da equipe do filme Sideral, curta-metragem potiguar que concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Acompanhado de aliados de longas datas, como a governadora Fátima Bezerra e a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann, Lula chegou ao local por volta das 18h para cumprir sua agenda com o maior número de presentes nesta passagem por Natal. Segundo a equipe organizadora do evento, cerca de 300 pessoas foram credenciadas para participar do encontro intitulado “Lula no RN”.
O último a usar a voz na noite desta terça, Lula discursou durante 40 minutos. Sua fala começou recheada de emoção, após o seu anúncio ser feito durante a interpretação de uma de suas mais tradicionais músicas de campanha, composta pelo músico Hilton Acioli, que estava presente no local, fato que acabou levando o ex-presidente às lágrimas ainda nos primeiros minutos do discurso.
“Eu queria dizer para vocês que velho também tem emoção. Se vocês começam a brincar e mexer com minhas emoções, é possível que vocês não tenham candidato”, disse em tom de brincadeira, dando a entender que ele tem sim a intenção de ser candidato, contrariando o que ele vem dizendo de não ter decidido ainda sobre sua candidatura em 2022.
Lula relembrou outras vezes que veio a Natal em campanha presidencial, quando ao descer no aeroporto, ainda o Augusto Severo em Parnamirim, e ir de caminhão para Natal, via o povo o aguardando “numa avenida com muitas passarelas e cantando essa música”, lembrou Lula, que continuou: “vocês não sabem que a cidade de Natal era quase como se fosse o incentivo para que eu saísse nas ruas. Porque eu nem sabia quantos votos eu tinha aqui, mas sabia que tinha uma militância que queria me eleger aqui. Então vocês podem ter certeza absoluta que vocês fazem parte de tudo que aconteceu de bom na minha vida“.
Outro fato que Lula puxou pela memória foi a morte do ex-presidente Getúlio Vargas, que em um dia como o de hoje, 24 de agosto, mas em 1954, tirou a própria vida. “É muita coincidência que vocês marcaram a data da minha vinda aqui, exatamente hoje. Eu nasci no movimento sindical contra o Getúlio. A CUT foi criada porque era contra a estrutura sindical que a gente denunciava que era a cópia fiel da ‘Carta del Lavoro’ de Mussolini”.
Apesar de relembrar suas raízes sindicais em movimentos contrários à Vargas, Lula destacou o que ele chama de grandeza de Getúlio. “Passou muito tempo para que eu começasse a compreender a importância de um homem que teve um momento de ditadura nesse país. E teve um momento que esse homem foi tão grande, que ele tirou o povo da semiescravidão que se encontrava, a aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), dando cidadania ao povo pobre desse país, que agora foi tirado por esse bando de genocida que governa esse país nos dias de hoje“, disse Lula.
Fátima Bezerra e Lula durante evento nesta terça-feira em Natal – Foto: Carlos Azevedo/NOVO Notícias
Em seu discurso, a governadora Fátima Bezerra apresentou a Lula o reitor eleito da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), o professor Rodrigo Codes, que foi preterido pelo presidente Jair Bolsonaro no momento da nomeação ao cargo, assumindo em seu lugar a professora Ludimilla Oliveira, que ficou em terceiro lugar na eleição para escolher o nome do gestor da unidade. A governante diz que o professor é mais uma vítima dos tempos autoritários e cita a situação da Ufersa como “mais uma ditadura do governo nacional” e compeltou: “vou dizer uma coisa. Lula vai voltar a ser presidente e esse autoritarismo vai acabar“.
Apesar de todas as críticas, o nome do presidente Jair Bolsonaro foi citado apenas três vezes durante todo o evento. Todas as citações foram pela mesma pessoa, a deputada federal Gleisi Hoffmann, que não poupou o discurso de desaprovação ao Governo Federal. Contudo, a presidente nacional do PT também encontrou espaço em sua fala para falar sobre a alegria de estar no Rio Grande do Norte, o único Estado governado por uma mulher no Brasil, a sua companheira dos tempos de Senado Federal, Fátima Bezerra, exaltando a capacidade de gestão da professora, que “está colocando o Estado no rumo, no eixo e na inclusão, cuidando do povo potiguar“. “A gente tem muito orgulho de você, e tenho certeza de que você vai continuar governando esse Estado por mais um período“, disse Gleisi ao elogiar a governadora Fátima Bezerra.
Entre os presentes, o Secretário Estadual de Gestão de Projetos e Metas, o ex-deputado Fernando Mineiro, comemorou a presença de Lula no RN.
“Lula representa a esperança, tanto para nosso Estado como para o Brasil. Representa a tolerância, a capacidade de escutar e de respeitar as diferenças. Coisas que a gente precisa tanto no país. E representa um resgate a um momento que o Brasil passou, de muita importância na história, que foi durante o governo dele“, disse Fernando Mineiro.
A deputada federal Natália Bonavides foi uma das primeiras lideranças políticas a chegar ao local, e conta como está vendo a reação do povo com a presença do ex-presidente no RN.
“A gente sente, a cada minuto que ele tá aqui, o carinho e a lembrança que as pessoas têm de como as coisas eram diferentes durante o governo dele. E está sendo um momento muito importante também para ele ouvir nossa população, as demandas do nosso povo, as dificuldades que a gente está vivendo”, disse a parlamentar que finalizou falando de possibilidades para o futuro: “a gente espera que daqui saia ainda mais fortalecido um projeto de um Brasil que possa ser feliz de novo e possa voltar a sorrir” disse a parlamentar potiguar.
