Foto: Reprodução
A cidade de Timbaúba dos Batistas, na região Seridó do Rio Grande do Norte, teve a vida de suas bordadeiras transformada após o trabalho realizado de vestir os atletas brasileiros, que disputarão por medalhas nas Olimpíadas de Paris, na França.
Iraneide Batista, bordadeira há 30 anos e moradora da zona rural do município, revelou que teve sua vida modificada não só no ponto de vista financeiro, mas também pela valorização do trabalho e por saber quem consome seu produto. “A gente entrega o bordado direto ao consumidor final”.
A bordadeira lembra que mais da metade da população do município, que possui 2.348 habitantes, trabalha com o bordado. Além disso, conta que todo material necessário para o trabalho, desde a mão de obra até cursos são disponíveis na cidade.
Iraneide conta que agora produzem peças para o mundo inteiro e estão com encomendas de peças em grande quantidade. “Estamos com uma encomenda para um evento em Portugal, que será agora no mês de junho, de 300 peças. Estou participando e produzindo essas peças”.
A artesã relembra que outras duas coleções já foram feitas, uma chamada “bonito para chover” e sobre as “pinturas rupestres”. As peças participam de feiras de artesanato no estado e fora dele.
Sueyla Eustácia também é bordadeira desde muito nova e revelou que já realizou trabalhos para grandes grifes, mas a oportunidade de bordar para o Comitê Olímpico Brasileiro abriu as portas para o mundo. “Agora nós somos mundialmente conhecidas pelo nosso trabalho”.
Assim como Iraneide, a artesã conta que financeiramente foi uma grande oportunidade para auxiliar nos trabalhos, não só dela, mas de toda comunidade que desenvolve essa atividade. “Agora nós vendemos nossos materiais através das redes sociais também, gente de todo canto vem nos procurar”.
A contratação do trabalho das bordadeiras para o COB gerou mais de 80 empregos temporários entre as profissionais que bordaram araras, onças e tucanos nos trajes dos atletas.
Sebrae apoia e investe no empreendedorismo das bordadeiras
Iraneide Batista revela que a parceria com o Sebrae tem sido fundamental desde o começo para auxiliar no processo. “O Sebrae é um parceiro de todas as horas para a gente, nos auxilia no processo de vendas, da divulgação dos produtos. Ajuda não só a nós, mas a toda cooperativa”.
José Rangel, analista técnico do Sebrae, contou que o trabalho da instituição de acompanhar as artesãs já acontece há mais de três décadas. “Hoje, nós colhemos os frutos de muito trabalho, persistência e dedicação na área”.
Rangel relembrou que a instituição prestou consultoria para que as bordadeiras pudessem vender os seus materiais de forma legalizada. “Com o avanço do mercado, as associações não atendiam à questão mercadológica, para vendas, nota fiscal. Então, nós trabalhamos junto às cooperativas para auxiliar no fechamento de contratos, de fazer compras conjuntas”.
A formação de novas artesãs também é um fator fundamental trabalhado pelo Sebrae, em virtude da aposentadoria das mais antigas. Com esse sucesso dos bordados, o Sebrae investe nessa profissionalização das artesãs e dos produtos.
José enfatiza ainda que houve mudança também na característica de renda das famílias de Timbaúba dos Batistas: “Na década de 80, início da década de 90, apenas 15% das bordadeiras usavam do bordado como renda principal. Hoje, mais de 50% tem o bordado como renda principal. É umas principais atividades econômicas e sociais da nossa região”.
Diante de todo sucesso dos produtos, o Sebrae segue auxiliando as bordadeiras. “Seguimos orientado, realizamos mentorias, oficinas e palestras para as cooperativas quando somos demandados. Além na divulgação dos projetos desenvolvidos por elas”, contou José Rangel.
O analista do Sebrae destacou também que intensificaram ações para fomentar o empreendedorismo, que possam estar montando seu próprio negócio com segurança e alcançando cada vez sucesso.
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