Kessyane Félix durante seu segundo transplante de córnea com Dr. Anderson Martins – Foto: Cedida
Em meio a uma série de desafios na área da saúde, pacientes oftalmológicos do Rio Grande do Norte enfrentam uma nova preocupação: o descredenciamento de hospitais e profissionais especializados pelo Plano Humana Saúde. A medida, que afeta diretamente o acesso a tratamentos de transplantados de córnea, tem gerado insegurança entre os beneficiários e profissionais da saúde.
Segundo relatos, diversos hospitais oftalmológicos foram descredenciados pelo plano de saúde, incluindo unidades referenciadas no tratamento do ceratocone, uma doença crônica e degenerativa da córnea. Entre esses hospitais está o Hospital de Olhos de Parnamirim, que se destacava por sua atuação na fila de transplante de córnea no estado.
Portadora de ceratocone e já tendo passado por dois transplantes de córnea, a dona de casa Kessyane Felix, de 28 anos, é uma das pacientes afetadas com o descredenciamento pela Humana. “Um desses hospitais é onde sou acompanhada pelo meu médico e ele foi descredenciado pelo plano Humana. Este hospital é referência aqui em Parnamirim, Rio Grande do Norte, pois está salvando a fila de transplante de córnea, já que o maior hospital daqui não está realizando os transplantes e todos os procedimentos estão sendo transferidos para lá. Isso é desumano, descredenciar profissionais excelentes que estão mudando a realidade do Rio Grande do Norte com a fila de transplante”, explica.
O presidente da Sociedade de Oftalmologia do Estado do Rio Grande do Norte (SOERN), Anderson Martins, também reforçou os prejuízos causados aos pacientes. “O descredenciamento cerceia o direito do paciente em escolher o médico, principalmente, no caso de pacientes mais crônicos como os que têm ceratocone e outros problemas de córnea, que já são acompanhados pela mesma equipe médico há muito tempo. Então, existe uma relação médico-paciente de confiança e isso é quebrado. Temos pacientes que vêm de outros estados e fizeram plano da Humana no RN para acompanhar com uma equipe que agora é descredenciada e vai ter que começar tudo de novo com outra equipe”, afirma o médico, acrescentando que o apenas na área da oftalmologia foram 17 serviços descredenciados.
Kessyane reforça a preocupação com seu tratamento. “Desprender-se de profissionais excelentes, causar insegurança em pacientes, obrigá-los a procurar outros médicos sem saber se encontrarão um tão bom quanto o anterior, isso é desumano e prejudicial ao tratamento. Faço acompanhamento pós-transplante de córnea e isso não é bom para o meu acompanhamento. Meu médico já conhece todo o meu caso, me acompanha de perto. E agora vou ter que ser acompanhada por quem não conhece nada do que passei até aqui”, declara Kessyane, destacando que outras especialidades, como cardiologia, também foram afetadas.
Diante dessa situação, a paciente entrou em contato com o plano de saúde e foi informada, por email, que “as medidas e informações foram tomadas de maneira lícita e de acordo com a Resolução Normativa nº 567/2022 da Agência Nacional de Saúde Suplementar”, acrescentando que a Humana Saúde conta com 33 médicos credenciados especialistas nas diversas áreas de atuação da oftalmologia. No entanto, a paciente reforça que sofreu constrangimento ao não ter sido previamente informada sobre o descredenciamento e em não poder ser mais atendimento pelo profissional que acompanha o seu caso.
O NOVO Notícias tentou contato com a Humana Saúde no Rio Grande do Norte, mas não obteve sucesso até a publicação desta matéria.
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