O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, roubou a cena da cúpula do G-7 ao chegar ontem ao Japão em um avião da França, após participar na véspera da cúpula da Liga Árabe, que tem entre seus membros nações pró-Rússia e neutras.
Organizada às pressas, a visita de Zelenski fez com que os líderes do G7 divulgassem a declaração final um dia antes do previsto, na qual condenaram a Rússia pela invasão da Ucrânia e pediram à China, aliada de Moscou e que nunca condenou a invasão, que “pressione a Rússia para que encerre sua agressão” e “retire imediatamente, totalmente e sem condições suas tropas” do país do Leste Europeu.
Após uma chegada surpresa na cúpula do G-7, o presidente ucraniano, que tenta ampliar o círculo de apoio a seu país, se reuniu com o francês Emmanuel Macron, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, com os quais trocou abraços ou apertos de mão calorosos, e ainda com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, cujo país se nega a condenar a agressão russa na Ucrânia.
Lula pressionado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está cada vez mais emparedado pelos países-membros do G-7 na cúpula em Hiroshima. A presença inesperada do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, constrange o petista a aceitar o pedido por uma reunião bilateral, a que ele resiste. Hoje, no último dia da cúpula, Lula tem uma agenda cheia, com seis reuniões marcadas, entre chefes de governo e empresários, para além da visita dos chefes de governo ao Parque Memorial da Paz e da sessão conjunta “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”.
Lula escolheu participar do G-7 ao ter a garantia de que teria uma participação relevante no encontro, não apenas em painéis secundários, e após ter a convicção de que conseguiria se equilibrar na pauta da guerra na Ucrânia, sem ser pressionado a assinar qualquer declaração com tom crítico à Rússia.
Embora o comunicado conjunto endossado pelo País foque em segurança alimentar e evite endurecer contra Moscou, como queria o presidente, o espaço para Lula sair ileso do G-7 está cada vez menor. Ao trazerem Zelenski de surpresa para a cúpula, os organizadores – abertamente pró-Ucrânia – criaram uma saia justa diplomática para quem entende ser preciso adotar neutralidade no conflito, como Brasil, Índia e Indonésia. Uma verdadeira armadilha.
Zelenski pediu formalmente o encontro com o presidente brasileiro. Contudo, Lula se esquivou e ainda não aceitou o convite, apesar da pressão da comunidade internacional. O Brasil tenta adotar uma postura neutra no conflito no Leste Europeu.
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