Polícia

Witzel: faltou diálogo para definição de ações contra a pandemia

Depoimento de ex-governador na CPI durou mais de três horas

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de junho de 2021 às 15:01

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Wilson Witzel na CPI da Pandemia – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta quarta-feira (16), o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel disse que a situação da pandemia de covid-19 no Brasil seria melhor se tivesse ocorrido um “diálogo” entre os governos estaduais e federal.

Para o ex-governador, se o Brasil tivesse negociado com os governos chinês, alemão e norte-americano para comprar insumos, respiradores e vacinas, “nós não teríamos ficado à mercê dos preços dos mercados internacionais”.

Witzel relatou à CPI que tanto governadores como prefeitos ficaram desamparados. “Os governadores, prefeitos de grandes capitais e pequenos ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal, isso é realidade inequívoca documentada em várias cartas que encaminhamos ao presidente da República”, afirmou. O político sugeriu ao relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que todas essas cartas sejam encaminhadas à CPI e constem do relatório.

Cooperação

Perguntado sobre a cooperação entre o Ministério da Saúde e os governos estaduais durante o tempo em que esteve como governador, Wilson Witzel disse que diversos pedidos, feitos por meio de ofício, de hospitais de campanha e insumos enviados pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro ficaram sem resposta. “O nível de cooperação foi praticamente zero”, afirmou.

O ex-governador disse ainda que foi um dos primeiros a implementar o isolamento social, inclusive determinando o fechamento de praias. Ele relatou à CPI que questionou o governo federal sobre a demora no auxílio emergencial, mas que não havia respostas claras aos governadores.

Hospitais de campanha

Ainda ao falar sobre as medidas adotadas no estado por causa da pandemia, disse que “houve uma sabotagem dos hospitais de campanha por alguns deputados estaduais”. Sem citar nomes, lembrou que um desses políticos teria dito à imprensa “que tinha gasto nos hospitais de campanha de R$ 25 milhões com jardinagem”. “Mentira, porque a planilha dizia que o gasto era para limpeza de leito de CTI”, argumentou.

Impeachment

Ex-juiz federal, Witzel estava afastado do posto de governador desde agosto de 2020 e perdeu o cargo o final de abril, após o Tribunal Especial Misto aprovar por unanimidade seu impeachment. À época, o político foi considerado culpado pelo crime de responsabilidade na gestão de contratos da área de saúde durante a pandemia de covid-19 no estado. No depoimento, Witzel disse ter sido vítima de perseguição.

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Aos senadores, Witzel disse ainda que sabe que corre “risco de vida” ao depor na CPI da Pandemia, por conta de milícias ligadas à gestão de Saúde no Rio de Janeiro. Segundo ele, seu “calvário” político teria começado quando avançaram as investigações do caso do assassinato da então vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Três anos depois do atentado, o mandante do crime não foi esclarecido. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou os ex-policiais militares Ronie Lessa e Élcio de Queiroz por homicídio. Os dois estão presos.

Habeas corpus

A ida de Witzel à CPI ocorreu mesmo depois da decisão de ontem (15) do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marques concedeu a Witzel o direito de não comparecer à CPI da Pandemia. Ainda pela decisão, ele não precisou assumir o compromisso de dizer a verdade e não é obrigado a responder às perguntas. O ex-juiz federal também ganhou o direito de ser acompanhado por seu advogado.

Depois de pouco mais de três horas de depoimento, Witzel usou o habeas corpus e pediu para se retirar da reunião da CPI. O ex-juiz federal teve o pedido atendido pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), que encerrou a sessão. Até esse momento, ele só havia respondido a perguntas de senadores oposicionistas e de um aliado ao governo, Jorginho Mello (PL-SC). Os demais senadores da base estavam aguardando a ordem estabelecida por inscrição para fazer perguntas.

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