O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta a memória e outras funções cognitivas, com um impacto significativo na vida dos pacientes e seus familiares. De acordo com informações da Associação Internacional de Alzheimer (ADI), a doença atinge cerca de 55 milhões de pessoas no mundo. A previsão é de que este número suba para 82 milhões até 2030.
Problemas com a memória, dificuldade em lembrar informações recentes e em aprender novas coisas são normalmente os primeiros sintomas da doença. Segundo a neurologista Larissa Gois, os sinais iniciais da doença muitas vezes passam despercebidos, pois evoluem lentamente ao longo de meses ou até anos. “O Alzheimer é mais comum em pessoas com 65 anos ou mais, mas também pode ocorrer precocemente, antes dessa idade, embora seja raro”, explica.
A especialista reforça que, além dos sintomas mais conhecidos, outros sinais podem estar presentes no estágio inicial da doença. “Também podem apresentar dificuldade para tomar decisões, perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas, mudanças de humor, alteração na personalidade e mudanças nas habilidades visuais e espaciais, além de se perder em locais familiares. Esses sintomas vão aparecendo e progredindo lentamente, ao longo de meses ou anos. Com isso, a pessoa vai se tornando cada vez mais dependente de outros para realizar tarefas habituais”, explica.
A forma mais comum de Alzheimer é a forma amnéstica (perda de memória) e de início tardio, após os 65 anos. Nessa forma, prevalecem os sintomas relacionados à memória episódica. Entretanto, existem as variantes atípicas da Doença de Alzheimer que são menos comuns e representam 6% dos pacientes portadores de DA.
No Brasil, estima-se que 1,2 milhão de pessoas vivam com Alzheimer, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). Destes, 72 mil são das formas atípicas. São cinco as variantes atípicas nas quais predominam o déficit de memória: visual, de linguagem, disexecutiva, comportamental e motora.
Também conhecido como atrofia cortical posterior (ACP), o subtipo visual se caracteriza por “dificuldade no processamento cerebral da informação visual”. Isso quer dizer que a visão é normal, mas o cérebro do paciente com ACP não consegue reconhecer o que vê. O indivíduo também apresenta dificuldade para processar a informação espacial. Por achar que se trata de um problema de visão e não de um sinal de demência, o idoso ou a família tendem a procurar um oftalmologista.
Já a afasia progressiva primária logopênica (APPL), compromete principalmente a linguagem, sendo caracterizada pela dificuldade de achar palavras e nomear objetos. O indivíduo tem dificuldades para completar frases e concluir raciocínios. Também tem dificuldade para repetir e compreender frases longas e complexas. Às vezes reproduz frases curtas e palavras isoladas.
Na variante disexecutiva, o paciente apresenta, especialmente, dificuldade de planejamento, comprometendo a resolução de problemas e a execução de suas tarefas. Inicialmente, pode ser confundida com bagunça ou desorganização.
Na variante comportamental, como o nome já diz, as mudanças de comportamento surgem antes das alterações cognitivas como primeiros sintomas. Quem era apático pode se tornar desinibido e vice-versa, por exemplo. Outros sinais como irritação, agressividade, mau humor e perda de empatia podem surgir. Algumas vezes, indivíduo começa a desconfiar de tudo e de todos. Diferentemente dos casos típicos em que esses sintomas são mais comuns nas fases mais avançadas, nessa variante, as alterações comportamentais surgem no início da doença.
Já na motora, também chamada de síndrome corticobasal (SCB), a pessoa apresenta sintomas motores como lentidão, rigidez, distonia, mioclonias, desequilíbrio e outras dificuldades motoras, além de manifestações cognitivas típicas da doença, tais como déficit de memória e linguagem.
A perda de memória é uma queixa comum entre idosos e nem sempre é um indicativo de Alzheimer. “O esquecimento pode ter várias causas. Ele pode ser consequência de períodos de estresse elevado, alteração do sono, ansiedade, depressão, efeito colateral de medicamentos, entre outros. É preciso investigar a causa para ter um diagnóstico preciso e buscar tratamento”, esclarece Larissa.
Medidas preventivas podem ser adotadas desde cedo para reduzir os riscos. No entanto, alguns fatores de risco, como genética e idade avançada, não podem ser alterados. “Manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, evitar tabagismo e alcoolismo e controlar condições como diabetes, colesterol alto e hipertensão são ações fundamentais para a prevenção da doença”, recomenda a neurologista.
Para aqueles que já receberam o diagnóstico de Alzheimer, o acompanhamento médico e o tratamento contínuo são essenciais para retardar a progressão da doença. “É importante que seja iniciado tratamento específico da doença de Alzheimer, dos sintomas associados e comorbidades. Além do tratamento medicamentoso, medidas comportamentais como atividade física regular, participação social e dieta saudável são fundamentais para retardar a progressão da doença”, afirma a neurologista.
Embora a cura ainda não seja uma realidade, há avanços significativos nas pesquisas sobre a doença. “As pesquisas têm progredido, aumentando a compreensão dos mecanismos que causam o Alzheimer e no desenvolvimento de drogas mais eficazes”, finaliza a médica.
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