No início de janeiro, pesquisadores do Chipre anunciaram a descoberta de uma nova cepa do novo coronavírus que recebeu o apelido de deltacron, por apresentar elementos presentes nas variantes delta e ômicron. A notícia se propagou, assim como o temor quanto ao surgimento de uma versão do Sars-CoV-2 ainda mais potente. Os dados foram revisados por outros cientistas, que apontam, em um artigo publicado na revista especializada Nature, inconsistências nas análises genômicas realizadas.
O virologista Leondios Kostrikis, da Universidade do Chipre, anunciou, na televisão local, que seu grupo de pesquisa havia identificado vários genomas de Sars-CoV-2 que apresentavam elementos das duas mais recentes variantes do patógeno. Logo em seguida, o grupo enviou 25 das sequências genéticas para um popular repositório público de dados científicos. O resto do material foi enviado semanas depois.
A reação da comunidade científica foi rápida. Muitos especialistas declararam, tanto nas redes sociais quanto na imprensa, que as 52 sequências não apontavam para uma nova variante e não eram resultado de recombinação — o compartilhamento genético de informações — entre vírus. Provavelmente, eram fruto de contaminação em laboratório. “Não existe deltacron. Ômicron e delta não formaram uma supervariante”, escreveu, no Twitter, Krutika Kuppalli, membro da equipe técnica contra covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), dois dias depois do anúncio feito por Kostrikis.
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