Desde os 50 anos de idade, o economista aposentado, Alexandre Magno, fazia os exames de rotina para a prevenção do câncer de próstata. Por ter familiares que já haviam tido tumores, ele não abria mão dos cuidados rotineiros.
“O câncer de próstata é silencioso, então você não sente nada quando tem. O fundamental para descobrir a doença é fazer os exames regularmente. Eu, particularmente, fazia de seis em seis meses”, contou o potiguar.
Mesmo com todos os cuidados, em fevereiro de 2014, aos 58 anos de idade, Alexandre foi diagnosticado com a doença. “Faltou chão. Eu cheguei para o médico e disse – ‘Dr, não me engane’. Imagine, um homem jovem, no melhor da vida, e com medo”, lembrou.
O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína produzida pelo tecido da próstata. A maioria dos homens que não tem câncer de próstata tem um nível de PSA abaixo de 4 ng/ml no sangue. Como a próstata, nos humanos, aumenta de forma benigna com o passar dos anos, o PSA também costuma aumentar. Da mesma forma, ele aumenta com o evoluir do câncer de próstata. Assim, se o PSA estiver aumentando, o urologista pode definir se a alteração é por uma causa benigna ou maligna. Quando o câncer de próstata se desenvolve, o nível de PSA geralmente ultrapassa esse valor (4 ng/ml).
“Meu PSA já estava acima do normal. Aí o médico recomendou que eu fizesse uma biópsia e eu fui ao Hospital Dr. Luiz Antônio (Liga Contra o Câncer). O médico coletou 16 fragmentos da minha próstata e, desses, 4 já estavam contaminados”, contou.
Dois meses depois do diagnóstico, Alexandre foi submetido à prostatectomia – cirurgia para retirada da próstata. Além disso, também foram retirados alguns linfonodos da virilha. Mas, mesmo após o procedimento, o PSA do paciente voltou a subir. “Meu PSA subiu cerca de 10 vezes mais. Aí fui fazer o PET-Scan e foi identificado que, além da próstata e dos linfonodos, eu também já estava com algumas manchas ósseas. É o primeiro caminho que o câncer de próstata percorre. Ele sai da próstata e vai para os ossos. Mas depois de 60 dias, meu PSA baixou consideravelmente”, explicou.
Passados oito anos e o período de reincidência, atualmente Alexandre toma apenas medicações para o controle da doença. “Até hoje tomo a injeção no abdômen e, diariamente, tomo 4 comprimidos. Mas vivo normalmente. A limitação é só por causa do bloqueio da testosterona. Então, tenho dificuldade em pegar peso e em fazer algumas coisas que exigem mais força. Mas quando posso, faço sozinho. Quando não, peço ajuda”, disse o aposentado.
Novembro é o mês de conscientização sobre a saúde masculina, com ênfase na importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata – o segundo tipo de tumor mais comum em homens no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que sejam registrados cerca de 1.570 novos casos da doença no Rio Grande do Norte somente este ano.
“O câncer de próstata é uma alteração na estrutura normal dessa glândula, que faz parte do trato genital masculino. Com essas alterações, esse tecido acaba tendo um comportamento maligno, que pode avançar e culminar com a morte do paciente. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. Pois, é na fase inicial que a gente consegue tratar e ter um índice superior a 90% de chance de cura; podendo chegando a até 95%”, explicou o médico urologista Sátyro Neto.
“A importância do Novembro Azul é chamar atenção para alta incidência da doença e os poucos sinais que ela apresenta nos estágios mais iniciais, quando é potencialmente curável”, disse o também urologista Kallyandre Medeiros.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens a partir de 50 anos façam os exames preventivos anualmente. Mas, para alguns, a recomendação é que essa prevenção comece a ser feita um pouco antes. “Para alguns grupos como negros, obesos e aqueles que têm histórico familiar, a gente adianta um pouco, para os 45 anos”, disse dr. Sátyro.
O câncer de próstata normalmente só apresenta sintomas em estágios mais avançados. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante, além de simples. “Usamos a dosagem do PSA, detectada em exame de sangue simples, e o exame físico, que é o toque retal, onde enfrentamos ainda uma maior dificuldade, por ser mais invasivo e haver uma questão cultural”, explicou o dr. Kallyandre.
“Esse é o principal problema. É uma doença silenciosa, e se não fizer o exame, se tiver algum tipo de pudor, não tem como diagnosticar”, enfatizou o paciente Alexandre Magno.
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