Cotidiano

Turismo potiguar mira recuperação no segundo semestre

Empreendimentos ligados à hotelaria e eventos esperam que as recentes medidas anunciadas pelo governo federal, aliada ao avanço na vacinação contra a Covid-19, possam garantir a retomada econômica ao longo dos próximos meses

por: NOVO Notícias

Publicado 8 de maio de 2021 às 00:21

Os empreendimentos ligados aos setores do turismo e de entretenimento no Rio Grande do Norte, áreas duramente afetadas pelas restrições econômicas ao longo da pandemia da Covid-19, esperam que o segundo semestre de 2021 traga a sonhada recuperação após as perdas sofridas nos últimos 14 meses.

Os segmentos tiveram esta semana um “suspiro” com as recentes ações de apoio econômico anunciadas pelo governo federal. As medidas permitem a renegociação de dívidas tributárias, prolongamento de parcelas e até a abertura de crédito para todo o setor. Os empreendedores também apostam que a vacinação contra a Covid-19 também acelere a retomada do setor, pois vai permitir aumento da circulação de pessoas.

Uma das alavancas é o novo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro esta semana. Uma das mudanças é que o programa permite descontos de até 70% em débitos de empresas do setor, incluindo tributárias, não tributárias e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

As ações emergenciais atingem empresas que realizam congressos, feiras, shows e espetáculos em geral, além de hotéis, cinemas e prestadores de serviços turísticos. Além disso, o programa permitiu que o alongamento do prazo para quitar a dívida com o desconto seja de até 144 meses.

Para Abdon Gosson, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Norte (Abav), o apoio federal é valioso, mas chega tardiamente para uma parcela dos empreendedores. “Fazemos parte do setor econômico mais atingido pela pandemia em todo o mundo. Hoje, a hotelaria está com 60% de ocupação. E nada melhor que uma ajuda como essa para todos os setores envolvidos”, ressaltou.

Habib Chalita, presidente da unidade potiguar da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), também cobra medidas mais enfáticas para que os setores possam se reerguer de uma forma mais rápida.

“Os setores de hospedagem, alimentação e eventos sofreram muito sem qualquer tipo de auxílio ou suporte do poder público e ainda teve o baque dos decretos [de restrição econômica] que contribuíram, principalmente no Rio Grande do Norte, para muitos fechamentos de empresas e demissões sem qualquer iniciativa por parte do Governo”, disse ele.

Crise econômica

O apoio chegou num momento de desespero para o setor turístico e de eventos no Rio Grande do Norte. A sondagem empresarial com empresas de hotelaria potiguar mostra aumento do pessimismo para 2021. A pesquisa feita pelo Ministério do Turismo mostra que 94,4% desses empresários indicaram queda nas perdas de receitas, de acordo com os dados coletados no segundo semestre do ano passado.

Dados analisados pela pesquisa Monitora Turismo, que analisa informações de emprego do Ministério da Economia, mostram que em Natal foram fechados 3.196 postos de trabalho em todo o ano de 2020. Deste total, o Monitora Turismo identificou que 1.246 demissões foram de empreendimentos turísticos, o que representa 39% do total de demitidos na capital potiguar.

Além disso, somente no setor de eventos, o Rio Grande do Norte estima perda de R$ 191 milhões em recursos que deixaram de circular no último ano, com cálculos baseados nas pesquisas mais recentes, segundo análise do Natal Convention Bureau.

Retomada do turismo passa pela divulgação do destino

Os representantes do setor turístico e de eventos também cobram maior investimento em divulgação turística do Rio Grande do Norte. Este trabalho deve ser uma das prioridades do governo estadual para o segundo semestre, avalia Abdon Gosson, presidente da Abav. Segundo ele, a divulgação deve vir acompanhada do avanço na vacinação contra a Covid-19.

“As pessoas não aguentam mais ficar em casa, e querem viajar muito. Precisamos aguçar nessas pessoas a vontade de, ao sair de casa, procurar o Rio Grande do Norte como destino”, reforçou.

Para José Lemos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Bares e em Atividades Similares e Conexas do Rio Grande do Norte (Sintbarn), além de financiamento na divulgação turística, o governo estadual deve ampliar os investimentos na qualificação dos trabalhadores da cadeia turística potiguar. “Falta também qualificar melhor os profissionais do setor, não necessariamente uma qualificação técnica mas uma qualificação humanística de como lidar com outras culturas dos turistas”, explicou.

Ele também pede adoção de um auxílio emergencial específico para o setor, que foi batizado de “gorjeta emergencial”. A ajudar, de acordo com José Lemos, seria de um valor de R$ 1 mil reais por trabalhador. “Ainda que fosse uma única vez,  porque R$ 150 ou R$ 250 é muito pouco e ainda mais sendo fracionado”, detalhou.

Para Habib Chalita, da Abih, também falta ao governo estadual ações voltadas à modernização da gestão e planejamento para o setor turístico do Rio Grande do Norte. “O que temos visto, principalmente no último ano, é que o turismo parece ser algo não essencial para o pessoal do governo quando na verdade o turismo é o principal potencial econômico do RN”, reclamou.

Para interromper os prejuízos aos empreendedores do turismo, o Governo do Rio Grande do Norte prorrogou o prazo para pagamento do ICMS para maio. Além disso, a Agência de Fomento do Rio Grande do Norte assegurou R$ 10 milhões em crédito para empresas com atuação relacionada ao setor de turismo e lazer. Já a Prefeitura de Natal vai adotar a prorrogação de prazos para que o setor de hotéis e pousadas recolha o Imposto Sobre Serviços (ISS). A outra proposta prevê uma carência no pagamento do Simples Nacional pelos próximos três meses.

Secretaria lista incentivos ao turismo durante a pandemia

O turismo foi e ainda é um dos setores mais prejudicados pelos impactos gerados pela pandemia, a nível nacional e internacional. E por isso, desde o início, o Governo do Estado, por meio da SETUR/RN e Emprotur realizou uma série de medidas para a mitigação dos impactos no setor e investe em promoção do nosso destino. Listo abaixo algumas das principais ações:

Promoção e Marketing:

— O Governo do estado fez durante todo mês de janeiro, uma grande Campanha de marketing na Band, o Band Verão,
– Captamos dois grandes eventos esportivos para o Rio Grande do Norte – O RN será o primeiro estado do nordeste a sediar a largada do Rally dos Sertões e o inédito Rally de KiteSurf de longa distância
– Criamos o Turismo Cidadão em parceria com o programa Nota Potiguar da Secretaria de Tributação do RN; vamos lançar agora a segunda etapa, beneficiando vários segmentos turísticos, inclusive bares e restaurantes
– Criação do Sistema de Inteligência Turística do RN,
– Capacitamos de forma on line, em parceria com as Abavs e operadoras mais de 7.000 agentes de viagens de todo o Brasil e agora em 2021, em torno de 600
– Campanha de marketing cooperado com as principais operadoras do país;
– Criação do evento RN Experience que vai trazer para o estado e capacitar mais 180 agentes de viagem;
– Lançamento agora dia 10/05 o concurso dos guias de turismo

Ações de incentivos fiscais e financeiros para o trade:

– Redução do ICMS do querosene de aviação para companhias aéreas mediante metas de incremento de voos;
– redução de ICMS da energia elétrica para hotéis e pousadas até 12/21;
– prorrogação do ICMS Normal de abril por 90 dias para Bares e Restaurantes;
– prorrogação do IPVA para empresas do setor de turismo em geral, inclusive eventos;
– desburocratização de linha de crédito especificamente para bares e restaurantes;
– concessão de isenção da tarifa de água para bares e restaurantes por 3 meses;
– Super Refis para parcelamento de débitos tributários com o governo do estado.

Tags