O RN foi um dos cinco estados onde a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (5), como parte da operação Dantraz, que visa o combate a uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína.
Ao todo foram 39 mandados: 19 em São Paulo, 8 no Ceará, 5 no Paraná, 4 no Rio Grande do Norte e 3 em Santa Catarina. Além dos mandados, foram decretadas ordens judiciais de sequestro de bens adquiridos pelos investigados e o bloqueio de contas bancárias.
De acordo com a PF, durante as investigações começaram em abril de 2022, com a interceptação de um barco pesqueiro brasileiro na costa africana carregado com 5,4 toneladas de cocaína.
Em outra apreensão no âmbito Operação Dantraz, uma embarcação pesqueira que partiu de Fortaleza foi abordada em alto mar com 1,2 tonelada, totalizando 6,6 toneladas.
“No primeiro pesqueiro havia sete tripulantes, cinco brasileiros e dois montenegrinos, que foram presos em flagrante. No segundo eram seis tripulantes, todos brasileiros, que foram presos em flagrante”, informou a PF.
Segundo a PF, esta é a primeira ação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) no estado de São Paulo. A iniciativa tem o objetivo de integrar as forças de segurança federais, estaduais e municipais no combate ao crime organizado. A Operação Dantraz contou com a cooperação de autoridades de Cabo Verde, Estados Unidos da América e Inglaterra.
De acordo com o delegado Alexandre Custódio Neto, a organização é especializada na logística marítima do tráfico de drogas. A atuação do grupo foi identificada primeiro em Santa Catarina, São Paulo e Ceará: “os principais traficantes do grupo atuam como intermediários exatamente nessa logística da droga que vem dos países produtores e depois vão para destinos finais, principalmente nos continentes africano e europeu.”
Uma das embarcações saiu de Santa Catarina e foi levada ao Ceará, onde foi carregada com a cocaína, que foi apreendida em Cabo Verde em abril de 2022. O barco foi carregado com a ajuda de uma lancha, que leva o produto até a embarcação para onde o material é içado. O outro pesqueiro também foi comprado em Santa Catarina e levado para o Ceará.
“Os coordenadores da logística terceirizam a mão de obra operacional. Um dos nossos alvos foi um bairro do Guarujá denominado Santa Cruz dos Navegantes, conhecido como Pouca Farinha, onde encontramos essas equipes. Eles contrataram esse pessoal que é especializado nesses içamentos na área portuária de Santos para ir até o Ceará e fazer esse transbordo para o barco”, explicou.
Segundo ele, também há equipes especializadas nesse serviço contratadas pelo grupo em outros estados, como no RN, por exemplo, o que demonstra o dinamismo do crime organizado.
“Eles realmente são uma estrutura empresarial. Hoje não enxergamos mais as organizações criminosas tradicionais de algum tempo atrás que eram sempre os mesmos indivíduos, trabalhando sempre em conjunto. Percebemos que são grupos criminosos que se unem para fazer determinados trabalhos. E as parcerias vão se modificando conforme os interesses econômicos, custo da logística e tudo mais”, analisou.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico transnacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro, e, se condenados, as penas podem chegar a 40 anos de prisão.
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