O público do clássico “Potiba” foi de foi de 657 pessoas - Foto: Jaqueilton Gomes
Um dos mais tradicionais estádios de futebol do Rio Grande do Norte, o Manoel Leonardo Nogueira (Nogueirão), em Mossoró padece entregue à lenta deterioração do tempo, enquanto os clubes da cidade, e consequentemente os torcedores, precisam se deslocar centenas de quilômetros para se manterem ativos na disputa do Campeonato Potiguar.
O estádio foi interditado pelo Corpo de Bombeiros há quase um ano, em fevereiro de 2024, quando problemas estruturais se acentuaram e impediram que o futebol continuasse a ser praticado no local sem colocar em risco a integridade física das pessoas no local.
A histórica praça esportiva é a casa de Potiguar e Baraúnas, campeões estaduais, principais forças do futebol no interior do RN, e protagonistas do clássico ‘PotiBa’, que foi disputado pela primeira vez na Arena das Dunas, em Natal, a 279 quilômetros de distância de Mossoró.
Apesar da excepcionalidade de ver os times da cidade disputando o tradicional clássico em um estádio de Copa do Mundo, o torcedor mossoroense tem trabalho para digerir a situação calamitosa do futebol local.
Yves Andrade é mossoroense, mas mora em Natal há mais de uma década. Ele não perdeu a oportunidade de ver o clássico de sua terra pertinho de casa, e contou como se sente vivenciando esse momento distinto do futebol mossoroense.
“São sentimentos, digamos assim, conflitantes, porque ao mesmo tempo que você tem o clássico acontecendo pela primeira vez num palco de Copa do Mundo, isso também implica dizer que é um acontecimento vergonhoso de não poder, os times de Mossoró jogarem na sua casa histórica, na sua casa clássica, um palco de tantas emoções, de tantas histórias de nós torcedores, dos jogadores, do esporte como um todo mossoroense”, lamenta Andrade.
Torcedor do Potiguar, que venceu o clássico desse domingo (26) na Arena das Dunas, Yves completa: “são sensações diferentes, mas eu acho que o que predomina mesmo é a sensação de chateação, de revolta. Revolta sim, porque não era para essa situação acontecer. Não era para o Nogueirão ter chegado a esse ponto que chegou. Até cheguei a comentar que o jogo está aqui, perto de casa, fácil de chegar, tranquilo. Mas eu não queria que o jogo fosse aqui. Eu preferia assistir pela televisão, assistir pelo YouTube, como se fosse a transmissão. Porque esse espetáculo aqui pertence a Mossoró. Ele não pode deixar de ser de Mossoró em momento nenhum”.
Adriana Késia acompanhou o esposo em uma viagem de quase 300 quilômetros, de Mossoró para Natal, só para assistir ao ‘PotiBa’.
“Ver esse jogo aqui é muito diferente. Não é a mesma coisa. Primeiro porque são dois times da mesma cidade, mas não podem jogar lá e estão aqui disputando um jogo longe de casa. É triste ver isso, porque diminui o número de torcedores. Se fosse lá em Mossoró, o Nogueirão estaria lotado. Se o nosso estádio estivesse em ordem, teríamos uma bonita festa, com mais público. Ah, ia ser mágico o nosso Potiguar e Baraúnas. Jamais será a mesma coisa ele ser jogado aqui”, relatou Adriana Késia.
O jogo deste domingo contou com presença modesta de torcedores. Apenas 657 pessoas estiveram na Arena das Dunas para ver o segundo principal jogo do estado.
Os planos para o estádio Nogueirão parecem ser mesmo o de enterrar o histórico estádio. A praça esportiva é gerida pela Prefeitura de Mossoró, que pretende uma parceria público-privada (PPP) para construir uma arena multiuso na cidade, com capacidade em torno de 15 mil pessoas.
A ideia vem sendo divulgada pelo prefeito Allyson Bezerra, em entrevistas recentes, desde o fim do ano passado.
“Vamos construir um estádio. Pensamos em fazer, sim, uma parceria público-privada, do jeito que já temos dito. Foi feita uma comissão, e inclusive Potiguar e Baraúnas participaram da comissão. Eles tiveram oportunidade de dizerem como é que queriam o estádio. Queremos um estádio para capacidade em torno de 15 mil pessoas. É um estádio adequado, multiuso. Queremos entregar para Mossoró uma arena multiuso, com toda a estrutura, com todo o respeito e tudo adequado, do jeito que o torcedor merece. Só um estádio por estádio não se sustenta mais. Não é só em Mossoró, é no Brasil”, explicou Allyson em entrevista à rádio Difusora de Mossoró.
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