De acordo com especialista, um grande desafio no Brasil, é que não há testagem em massa para identificação desse agente, o que dificulta o tratamento correto em casos graves e o monitoramento de um possível aumento no número de infecções
Publicado 7 de dezembro de 2023 às 16:29
O surto de pneumonia decorrente de infecção pela bactéria Mycoplasma pneumoniae que tem acontecido no norte da China e, agora, se espalha por países da Europa, como Holanda e Dinamarca, tem chances de chegar ao Brasil. Os dados sobre a doença são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dados de órgãos de saúde destes países, reunidos e publicados pelo Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas (CIDRAP) da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Crianças são as principais afetadas.
A Mycoplasma pneumoniae é uma bactéria comum e presente em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. Ela leva a quadros gripais e sintomas similares aos de uma infecção causada por vírus, como influenza, coronavírus e vírus sincicial respiratório (VSR). Diferente de outras bactérias, que geralmente se espalham por contato com água, secreção, alimentos e objetos infectados, a Mycoplasma pneumoniae se propaga no ar. Por isso é tão contagiosa quanto os outros patógenos gripais.
De acordo Julio Croda, médico infectologista da Friocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), esse agente pode causar uma pneumonia bacteriana, diferente das que os médicos estão mais acostumados a tratar. “Essa bactéria normalmente provoca surto a cada um ou três anos, com aumento no número de casos, só que não na magnitude que a gente tem visto agora”, diz. “É mais comum em crianças de 5 a 12 anos, enquanto o VSR atinge principalmente as de 0 a 5.”
A OMS atribui o aumento dos casos de infecção pela bactéria à reabertura integral das escolas e à diminuição das medidas de isolamento social após o período de pandemia da covid-19. A maior ocorrência de quadros graves, representados pela pneumonia, se dá pela menor resistência criada pelas crianças nos últimos anos. Algumas não conviveram tanto com outras pessoas e crianças, além das de suas famílias, desde que nasceram e, consequentemente, tiveram pouco contato com vírus e bactérias.
A queda nas taxas de vacinação das crianças também colabora para que elas se tornem mais suscetíveis à bactéria e aos outros patógenos. Com isso, os surtos de doenças respiratórias, mais comuns em crianças, foram intensificados e tiveram seu período de ocorrência alterado. “Parte do crescimento ocorre mais cedo do que sazonalmente registrado, mas não é inesperado, dada a suspensão das restrições da covid-19, seguindo o que outros países passaram”, informou a OMS.
Para Julio Croda, as chances de um surto de pneumonia chegar ao Brasil são grandes. “Também tivemos a retomada das escolas, com crianças mais suscetíveis, o que nos levou a surtos do vírus sincicial respiratório, por exemplo. Então, tudo indica que podemos ver um aumento de casos do Mycoplasma pneumoniae também.”
De acordo com o especialista, um grande desafio no Brasil, é que não há testagem em massa para identificação desse agente, o que dificulta o tratamento correto em casos graves e o monitoramento de um possível aumento no número de infecções. “Seria interessante, no momento em que há aumento de casos em outros países, a gente testar nos quadros de internação, para monitorar a doença no Brasil e tratar os pacientes mais efetivamente”, diz
Mesmo assim, o especialista diz que mesmo que o surto de pneumonia chegue ao Brasil não há motivo para desespero.
A Mycoplasma pneumoniae costuma provocar sintomas gripais leves e, quando chega ao estágio da pneumonia, pode ser tratada com antibióticos. O Brasil tem todo o tratamento disponível e também o teste que detecta a bactéria. Por isso, a recomendação é que os especialistas de saúde do País estejam atentos à possibilidade de surto, pedindo o teste, diagnosticando e tratando corretamente os pacientes internados.
Os sintomas da infecção por Mycoplasma pneumoniae são os mesmos de uma gripe: coriza, dor de cabeça e na garganta e febre. Mas há uma característica bastante comum nesses quadros: a presença de tosse seca. De qualquer forma, o diagnóstico só pode ser feito por meio de teste, pois não é possível fazer uma diferenciação precisa em relação a outros tipos de patógenos gripais somente pelos sintomas apresentados.
O tratamento também é o mesmo indicado para outros agentes gripais. Deve-se usar medicamentos que combatam os sintomas, como antitérmicos e analgésicos, além de cuidar da hidratação e da alimentação. Se o quadro evoluir com gravidade e demandar hospitalização, é necessário internar e, depois de testar, fazer tratamento com antibiótico.
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