A 2ª edição da Brazil Offshore Wind Summit, no Rio de Janeiro, que acontece entre 26 e 27 de março, vai encontrar o setor eólico um pouco mais otimista com a aprovação do Marco Regulatório para a geração de energia eólica no mar do que a primeira edição, em 2022. A votação no Congresso pode acontecer nos próximos dias, segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, “e sem mais alterações” no texto, disse a executiva.
Segundo ela, na recente reunião ministerial com o presidente Lula, em Brasília, a energia eólica offshore foi considerada prioridade para o governo.
Ao lado do CEO da Global Wind Energy Council (GWEC), Ben Backwell, Gannoum destacou que desde a primeira aprovação da Lei da geração eólica offshore no Senado se passaram dois anos. De lá para cá, o número de projetos arquivados no Ibama em busca de licença atingiu 200 gigawatts (GW), confirmando o interesse dos investidores em projetos nesse segmento no País.
“Está sendo planejado um Brasil de potência instalada em eólica offshore, isso demonstra o interesse dos investidores”, disse Gannoum, referindo-se ao atual nível de potência instalada no País (196 GW).
A executiva afirmou ainda que o texto atual do Marco Eólico Offshore atende as principais diretrizes para o desenvolvimento da tecnologia no Brasil, “fora um ajuste ou outro”, mas alertou que é preciso trazer também diretrizes gerais das cessões do uso do mar, como aconteceu no setor de petróleo.
“Isso vai permitir que o poder concedente possa fazer as demais regulamentações e o primeiro leilão de uso do mar, que vai autorizar os investidores a fazerem estudos ambientais para buscar as licenças ambientais e começar a construir o projeto do mar”, explicou Gannoum.
Na avaliação da executiva, a lei e a regulamentação da cessão de uso de áreas devem sair ainda em 2024, e o primeiro parque eólico offshore estará em operação no País em 2031. “Com a primeira licença em mãos, eles (os investidores) estão aptos a vender a energia, ou no mercado livre ou em leilão do governo”, explicou.
Ben Backwell, da GWEC, também considera a regulamentação do setor fundamental para estudos mais profundos por parte dos investidores. Ele observou que os projetos eólicos no mar são demorados, e é preciso começar agora se quiser estar preparado para o futuro, quando haverá aumento da demanda tanto por energia para atender o crescimento da economia, como para produção de hidrogênio.
“É necessário ter uma clareza regulatória. A exclusividade das zonas (de uso) e o leilão dessas áreas é muito importante para o setor definir os estudos. O Brasil tem cadeia produtiva para mercado onshore, fabrica as próprias turbinas, é uma grande oportunidade para o Brasil”, afirmou, alertando que a demanda vem crescendo nos últimos anos e a previsão é de que em 2027 haja falta de equipamentos para o setor eólico offshore.
“A cadeia de onshore já traz uma base importante para offshore, muitas empresas surgiram e continuam surgindo”, acrescentou Gannoum. “O Brasil está diante da oportunidade de fazer uma transformação na sua economia, através dos investimentos em energia, e esse projeto (eólica offshore) está nesse pacote também”, concluiu.
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