Cotidiano

Setembro verde: a vida continua

Alta demanda e aumento na fila de espera por transplantes de órgãos é intensificada pela pandemia do novo coronavírus. Negativa da família é o maior entrave para doação

por: NOVO Notícias

Publicado 13 de setembro de 2021 às 15:30

Imagem ilustrativa – Foto: USP/Imagens

No Brasil, o mês de setembro, além da prevenção do suicídio, é dedicado também à conscientização da doação de órgãos e tecidos. Neste ano, a luta é ainda mais forte por causa da alta demanda e do aumento na fila de espera por transplantes devido à pandemia do novo coronavírus. De acordo com a Sesap (Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte), o estado registrou uma queda significativa no número de doadores, principalmente por causa da alta taxa da recusa familiar, que era de 48% em 2019, e subiu para 74%.

Em todo o país, o tipo de transplante mais afetado foi o de córnea, que ficou suspenso até o mês de setembro de 2020, por ordem de uma portaria do Ministério da Saúde. Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do RN, Rogéria Noga, nosso estado foi o quarto do Nordeste em notificação de possíveis doadores de córneas, mas a negativa das famílias impossibilitou grande parte desses transplantes.

De acordo com a Central de Transplantes, dentre os 25 que estavam aptos a doar, conforme critérios médicos, 19 recusaram realizar a doações de seus familiares. Esse fator impactou diretamente para a redução dos transplantes e, consequentemente, no salvamento de vidas. Atualmente, 350 pessoas aguardam por um transplante de córnea, e 240 por um transplante renal no Rio Grande do Norte.

Quem pode doar?

Rogéria Noga, nefrofologista e coordenadora da Central Estadual de Transplantes do RN, esclarece como é realizado o procedimento para a realização da doação de órgãos: “Clinicamente, o médico fez o diagnóstico de morte encefálica. Após seis horas, um neurologista avalia o paciente para confirmar o diagnóstico de morte encefálica. Depois desse procedimento, é realizado um exame confirmatório, podendo ser um eletroencefalograma ou doppler transcraniano, que vai confirmar que não há atividade cerebral. Após esse exame, é fechado o protocolo de morte encefálica. Ou seja, o paciente faleceu. O cérebro dele não funciona mais. Nesse momento, é realizado a entrevista com a família para comunicar o diagnóstico e saber se é possível fazer a doação. O familiar responsável assina um documento concordando com a doação”.

Logo após essas etapas, uma equipe captadora, composta por cirurgiões, irá avaliar o paciente e proceder com a captação dos órgãos, que são encaminhados para o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), onde é inserido numa lista e no ranking para saber quem receberá os órgãos doados.
Além da equipe que realiza o diagnóstico de morte encefálica, da equipe de captação, há uma equipe transplantadora, com diferentes profissionais para não haver viés, totalizando três equipes envolvidas no processo de doação e transplante de órgãos.No Rio Grande do Norte é realizado transplante de córneas, rins, medula óssea e, em 2020,o estado conseguiu o credenciamento para transplante cardíaco.

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