Cotidiano

Sesap prepara barreira sanitária ortopédica para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel

Com o intuito de impedir que casos de baixa complexidade cheguem ao maior hospital do estado, a barreira sanitária pode reduzir em 70% o número de atendimentos no Walfredo Gurgel, diminuindo a “pressão” na unidade, que hoje faz cerca de 5 mil atendimentos/mês

por: NOVO Notícias

Publicado 21 de agosto de 2023 às 16:00

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel registra cerca de 5 mil procedimentos por mês – Foto: Jaqueilton Gomes/NOVO Notícias

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) está desenvolvendo um projeto para criar uma barreira sanitária ortopédica, com o intuito de diminuir a demanda de baixa e média complexidade no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), abrindo espaço para que a unidade possa atender a alta complexidade, que é exatamente o seu perfil.

Essa barreira seria composta por uma unidade hospitalar, preparada com equipamentos e pessoal capacitados para atender a demanda ortopédica de baixa e média complexidade, especialmente nos municípios da Grande Natal, com exceção da capital do Estado.

“A barreira é a instalação de serviços que possam atender pacientes que estão entrando no Walfredo Gurgel, mas não são perfil da unidade. Pacientes da ortopedia de baixa complexidade não deveriam estar no Walfredo. O hospital é para politraumas e, principalmente, pacientes de alta complexidade”, explica Lyane Ramalho, secretária de Saúde do Rio Grande do Norte.

A opção por montar essa novidade nas cidades próximas a Natal é feita porque a maioria dos pacientes atendidos no Walfredo Gurgel hoje são oriundos delas, de acordo com a secretária de Saúde, Lyane Ramalho.

“Esse é o maior hospital do estado, picos de maiores pressões na porta do Walfredo Gurgel vão acontecer. Aqui na Região Metropolitana, a gente ainda precisa resolver o problema da barreira sanitária ortopédica que está em construção, inclusive com o apoio do Ministério Público. Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Extremoz estão demandando essa grande pressão aqui na porta do Walfredo Gurgel”, diz Lyane Ramalho.

Com o intuito de, literalmente, ‘barrar’ a chegada de pacientes que não são o perfil do Walfredo Gurgel, a barreira sanitária deverá ser concretizada com o apoio da Sesap, e com os municípios se responsabilizando pela manutenção do serviço médico prévio que atenderá as demandas e fará a espécie de triagem. Hoje, este serviço é feito pelo principal hospital do estado, de onde os pacientes são encaminhados para outras três unidades, uma pública e duas privadas atendendo em parceria com o SUS para que sejam realizadas a cirurgias, que na maioria são para tratar pequenas fraturas, ou seja, baixa complexidade, completamente fora do perfil do Walfredo.

O diretor do Hospital Walfredo Gurgel, Tadeu Alencar, ao comentar as mudanças mais urgentes no atendimento de pacientes de perfil ortopédico, aponta que o problema será melhor encarado com a criação da barreira sanitária.

“Sabemos que a solução definitiva é a barreira sanitária em baixa complexidade em ortopedia nos municípios de Parnamirim, São Gonçalo, Macaíba e Extremoz. Tendo o hospital de barreira sanitária todos os pacientes de baixa complexidade que lotam os nossos corredores — que correspondem a 70% de todo o nosso atendimento —, vão poder finalmente ser atendidos, que são fraturas pequenas e estão sempre aqui”, explica o médico Tadeu Alencar, diretor do HMWG.

Atualmente, o Walfredo Gurgel chega a fazer cinco mil atendimentos por mês. De acordo com o gestor da unidade, a criação da barreira sanitária pode reduzir cerca de 3,5 mil procedimentos.

“O ideal é a gente ter essa barreira. Tendo essa barreira na ortopedia, e com a capacidade que a gente tem, conseguiremos perfeitamente dar conta do atendimento aos nossos pacientes, com folga até. Precisa apenas ter essa barreira, pois não podemos atender o que não é do nosso perfil”, completa Tadeu Alencar.

Por ser um projeto conduzido não só pelo Governo do Estado, mas também pelos municípios, esses entes precisam conversar entre si para progredir e tirar a ideia do papel. No entanto, Maria Eliza Soares, presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Norte (Cosems RN), diz que a temática ainda não foi apresentada de forma oficial aos municípios.

“A gente vem falando da necessidade de ter uma intervenção do estado diante da situação, que está uma coisa absurda. Nós sabemos da grande demanda que existe, o Walfredo Gurgel sempre agonizando com os corredores lotados, e, infelizmente sempre a culpa é do município, uma vez que as pessoas vêm destes locais. No entanto, o município não é responsável por ter esse serviço, ele precisa ser realmente ofertado pelo estado”, diz Maria Eliza Soares.

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