A vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014. O imunizante é utilizado como estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como cânceres do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta. No Rio Grande do Norte, a cobertura vacinal com duas doses na população masculina, entre 9 e 14 anos de idade, foi de 28,78%, e entre as meninas na mesma faixa etária foi de 46,40%. Ambos os índices abaixo do que preconiza o Programa Nacional de Imunizações (PNI), cuja meta é 80% de cobertura vacinal.
“O principal perigo do HPV é que ele produz uma infecção com poucos sintomas. Não é como a covid, que a pessoa tem febre, coriza, tosse ou dor na garganta. A pessoa vai desenvolver uma infecção subclínica. Ou seja, não vai apresentar sintomas. Se o vírus estiver na parte externa da região genital, como nos grandes e pequenos lábios, pênis ou ânus, podem surgir verrugas. Mas a pessoa vai percebê-las e, certamente, procurar um médico. Diante disso, o especialista dará o diagnóstico e fará a retirada”, explicou o infectologista Kleber Luz.
Segundo o médico, essas verrugas podem aumentar e se transformar em câncer. “Essas verrugas são um perigo. Primeiro que é esteticamente comprometedor, e segundo que tem a possibilidade do surgimento do câncer. Outra questão é que, se houver uma lesão mais interna e o vírus estiver no colo do útero, pode causar o câncer de colo de útero, que começa com alterações localizadas, mas que, se não diagnosticadas e tratadas, a tendência é haver um aprofundamento da lesão. Então, passa de um câncer localizado a um câncer invasivo, podendo comprometer o útero na sua totalidade e até mesmo outras estruturas da pelve da mulher, como trompas ou ovários”, detalhou.
A infecção do HPV é causada sexualmente, por isso, a imunização é feita em adolescentes que, teoricamente, ainda não deram início à vida sexual. Atualmente, no Brasil, a vacina contra o HPV é administrada em duas doses em meninos e meninas entre 9 e 15 anos de idade.
No Rio Grande do Norte, entre as meninas de 9 a 15 anos, 67,17% do público recebeu a primeira dose. A segunda dose, por sua vez, imunizou 46,40% das adolescentes. Com relação aos meninos, a primeira dose do imunizante foi aplicada em 47,03% da população apta a se vacinar. Esse número diminuiu mais ainda na segunda dose, com 28,78% de imunizados. Os dados de 2022 ainda não foram divulgados.
Esse ano, a capital, Natal, bateu recorde de cobertura vacinal contra o HPV. A melhor cobertura já registrada havia sido em 2019. “Natal sempre manteve um nível muito baixo de cobertura vacinal. Nosso melhor ano foi 2019, em que nós chegamos a 28% da população vacinada. Hoje temos quase 35 mil jovens entre 9 e 14 anos no município e, esse ano, alcançamos 34,7% de jovens imunizados”, informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS/Natal).
No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. Para o ano de 2022, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou 16.710 novos casos em todo o país. Já para 2023, a previsão é de que haja 17.010 novos casos da doença.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) fez um alerta sobre a importância da vacinação contra o HPV, destacando a prevenção de doenças como o câncer de colo de útero com o esquema vacinal completo. “A segunda dose deve ser tomada seis meses depois da primeira. É importante que o esquema vacinal seja completado para que a gente consiga garantir essa proteção e consiga evitar esses possíveis novos casos de câncer que teremos futuramente. Esse imunizante previne uma série de cânceres: de boca, de colo de útero, da faringe… então é importante que a gente tenha essa proteção. Prevenir é sempre melhor do que remediar”, disse a coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Kelly Lima.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou as recomendações para a vacina contra o HPV, defendendo que um esquema de dose única pode oferecer maior eficácia e durabilidade de proteção quando comparado ao esquema de duas doses.
De acordo com a OMS, a alternativa de aplicação de dose única contra o vírus poderá ampliar o acesso à vacina, oferecendo aos países a oportunidade de expandir o número de meninas que podem ser vacinadas e reduzindo o esforço pelo acompanhamento, muitas vezes complicado e caro, necessário para completar a série de vacinação. “É vital que os países fortaleçam seus programas de vacinação contra o HPV, agilizem a implementação e revertam os declínios na cobertura”, disse a OMS em comunicado.
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