O repórter Evan Gershkovich, do jornal norte-americano The Wall Street Journal, foi preso na Rússia por suspeita de espionagem. A informação foi dada nesta quinta-feira (30) pelo serviço secreto russo, o FSB.
O jornalista é o primeiro repórter de um meio de comunicação dos Estados Unidos a ser preso por acusações de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria. O caso acontece em meio ao acirramento das tensões entre Moscou e Washington por conta da guerra na Ucrânia.
O Kremlin acusa Gershkovich, que é cidadão dos Estados Unidos, de coletar informações classificadas como segredo de estado sobre uma instalação militar da Rússia.
Em um comunicado, o FSB afirma que o jornalista foi preso na cidade de Ecaterimburgo, no centro-oeste da Rússia, enquanto tentava obter informações governamentais secretas. “Foi estabelecido que E. Gershkovich, agindo sob uma missão do lado norte-americano, estava reunindo informações classificadas como segredo de estado sobre a atividade de uma das empresas do complexo militar-industrial da Rússia”, disse o FSB em seu comunicado.
O serviço secreto disse ainda que abriu um processo criminal por suspeita de espionagem contra Gershkovich.
A ministra de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que a prisão não tem nenhuma relação com as atividades jornalísticas do repórter. Zakharova disse que ele realizava “funções não jornalísticas” em Ecaterimburgo.
O The Wall Street Journal negou a acusação e exigiu a libertação imediata de Gershkovich. “O Wall Street Journal nega veementemente as alegações do FSB e busca a libertação imediata de nosso confiável e dedicado repórter, Evan Gershkovich. Somos solidários com Evan e sua família”, disse o jornal norte-americano em comunicado.
Segundo a agência de notícias Reuters, Gershkovich, que escreve sobre a Rússia desde 2017, já trabalhou também no jornal The Moscow Times e na agência de notícias francesa Agence-France Presse (AFP). Nos últimos meses, ele cobriu principalmente a política russa e o conflito na Ucrânia.
Seu celular não foi localizado por geolocalização na quinta-feira, e, segundo o serviço de mensagens Telegram, ele esteve online pela última vez na quarta-feira (29) às 13h28, no horário de Moscou (7h29 no horário do Brasil).
Sua reportagem mais recente, publicada no The Wall Street Journal no início desta semana, falava sobre a desaceleração da economia russa em meio às sanções ocidentais impostas quando as tropas russas entraram na Ucrânia no ano passado.
A última vez em que um jornalista dos EUA foi detido na Rússia acusado de espionagem foi em setembro de 1986. Na ocasião, o repórter Nicholas Daniloff, correspondente em Moscou do U.S. News and World Report, foi preso pela KGB – a antecessora da FSB.
Daniloff foi libertado sem acusações 20 dias depois, em uma troca por um funcionário da missão da União Soviética nas Nações Unidas, que havia sido preso pelo FBI norte-americano.
Com informações da Agência Estado e agências internacionais.
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