Se você é adepto a redes sociais já deve ter se deparado com algum conteúdo que faz referência ao atual sucesso da Netflix, a série sul-coreana “Round 6”. A obra, que tem classificação indicativa para maiores de 16 anos e logo no primeiro episódio traz um aviso de conteúdo sensível, tem dado o que falar.
A produção já foi assistida por mais de 145 milhões de pessoas em todo o mundo desde o seu lançamento; com isso, a empresa de streaming já faturou mais de 4.000% do valor investido e ganhou novos 4,4 milhões de assinantes.
Mas, afinal, por que tanto barulho em torno da série “Round 6”? Acontece que durante os nove episódios da primeira temporada, os telespectadores são expostos a cenas explícitas de torturas física e psicológica, violência, morte, cenas de sexo, palavras de baixo calão, tráfico de órgãos e tantos outros conteúdos sensíveis.
Psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do RN, Helena Oliveira diz que a criança ou adolescente pode naturalizar esse tipo de violência. “Ele vai entrando nesse processo de naturalização ao ponto de incluir essa violência. Não pode resultar nessa banalização, essa naturalização”, explica.
Ela diz que como a série traz a eliminação por morte num contexto de brincadeiras infantis, as crianças podem achar comum esse tipo de comportamento. “Essas mortes aparecem divulgadas de forma explícita e muitas vezes com extrema violência. Então as crianças acabam reproduzindo nas escolas, nos ambientes de interação e entre si, reproduzindo ali a simulação de matar os seus colegas e etc. A exposição a esse conteúdo também pode provocar sintomas de estresse e ansiedade”, afirma a psicóloga.
A psicóloga Helena Oliveira esclarece que o mais adequado é que os pais ou responsáveis se sentem com a criança ou adolescente e conversem, explicando por que determinados conteúdos possuem classificação indicativa e o que significa. Explicando inclusive que aquela criança, aquele adolescente, vai poder consumir esse conteúdo posteriormente quando estiver na idade considerada adequada para se expor.
“Não adianta simplesmente restringir sem explicar o motivo dessa restrição, mas é de extrema importância que se faça o monitoramento dos conteúdos que as crianças e adolescentes estão acessando”, indica Helena Oliveira.
Segundo ela, é preciso avaliar se os temas são considerados adequados a determinada faixa etária – naquela fase do desenvolvimento onde estão os mais novos estão em processo de maturação e desenvolvimento de apropriação dos conceitos de mundo, das vivências emocionais, de apropriação inclusive do seu próprio eu e das relações com o outro, como aponta a psicóloga.
“Existem alguns tipos de conteúdo que determinadas faixas etárias ainda não estão preparadas para absorver de uma forma saudável. Então a gente encontra possíveis gatilhos ou possíveis implicações até mesmo em adultos que consomem determinados tipos de conteúdos violentos e explícitos”, comenta a psicóloga.
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