Cotidiano

RN vive nova fase da pandemia com queda na internação de idosos e alta de casos

Especialistas veem com preocupação o atual cenário da Covid-19, que não apresenta melhoras significativas nos índices

por: NOVO Notícias

Publicado 22 de maio de 2021 às 08:09

RN bateu recorde de registro de casos em maio – Foto: Rogério Vital/Novo Notícias

O Rio Grande do Norte vive uma nova fase da pandemia de Covid-19 com queda dos internamentos entre idosos, recorde de casos em um mês, alta da taxa de ocupação de leitos críticos entre adultos e redução das medidas restritivas de combate ao coronavírus.

Na quarta-feira (18), o estado registrou o menor percentual de internação de idosos em leitos críticos para tratamento da Covid-19 em um ano, o que, segundo a avaliação de especialistas, é um claro reflexo da vacinação. Das 375 pessoas que seguem sob cuidados médicos até a sexta-feira (21), 128 são idosos, isto é 33,60%, enquanto 246 pessoas “não idosas” (66,40%) permanecem internadas em quadro crítico. No auge da primeira onda, em julho do ano passado, o panorama era o inverso: os idosos ocupavam 75% das internações. Os dados são do Regula RN, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap).

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Os especialistas atribuem a redução do número de idosos na UTI ao avanço da campanha de vacinação no estado — que imunizou 322.964 com as duas doses —, mas veem com preocupação o atual cenário da pandemia, que não apresenta melhoras significativas nos índices.

“A grande variável que está envolvida na não internação desses idosos é a imunização. Hoje era para nós estarmos festejando o declínio da pandemia. A vacinação vem para aliviar a pressão, que faz com que os leitos não sejam suficientes para internar todos os doentes. O pior é que a pandemia tem compensado o número de idosos que tem saído dos leitos, inclusive compensado com uma pressão ainda maior. É como se a vacinação fosse o único fato positivo no contexto do controle da doença porque todos os demais estão correndo sem controle”, destaca o médico epidemiologista Ion de Andrade.

Na quinta-feira (20), maio de 2021 se tornou o pior mês da pandemia em registro de casos de Covid-19 no Rio Grande do Norte, com 31.503 contaminações. Em média, 1.575 pessoas seguem se infectando todos os dias neste mês, segundo dados da Sesap. Até então, o recorde era de março de 2021, quando o RN contabilizou 30.401 casos de Covid-19 (veja detalhes no gráfico).

Com alta nas infecções e um platô no número de mortos, a pandemia não dá sinais de arrefecimento no Rio Grande do Norte. A taxa de ocupação de leitos críticos para tratamento da doença oscila entre 89% e 96% há um mês, de acordo com a plataforma Regula RN. Ainda segundo o monitoramento da Secretaria de Saúde, 669 pessoas permanecem internadas nas unidades públicas estaduais. Outras 85 estão na fila para receber o tratamento em um leito crítico.

“A gente nem trocou seis por meia dúzia, pioramos. Os índices de ocupação de leitos ainda estão acima de 90%. Vejo com muita preocupação. A doença está presente de uma forma mais significativa, com casos mais graves, óbitos. O que aliviou um pouco foi a frequência dos idosos, mas eles continuam sendo internados. Hoje temos muitos jovens de 18, 30, 40 anos sendo internados, o que é muito pior. Isso traz uma sobrecarga muito grande de trabalho manual e desgaste psicológico”, destaca o médico infectologista Kleber Luz.

Paralelamente ao aumento dos casos e das internações de adultos, o índice de isolamento caiu no RN com o afrouxamento das medidas restritivas de combate à pandemia. O atual decreto do Governo do Estado permite a venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos e aumento o horário de funcionamento do comércio, além de outras medidas de flexibilização.

“O Rio Grande do Norte fez a opção de liberalizar a vida social e a economia para além do parâmetro estabelecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 80% dos leitos ocupados, para justificar essa abertura, essa volta à normalidade. Por outro lado, as pessoas têm cada vez mais confiança de se aglomerar, de ir a locais sem máscara. É o que nós temos visto todos os dias”, acrescenta o infectologista Ion de Andrade.

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