Brasil

RN tem mais gente com Bolsa Família do que empregados

Todos os estados do Nordeste e mais 4 do Norte apresentam esse cenário; números são relativos a empregos formais com carteira de trabalho

por: NOVO Notícias

Publicado 12 de abril de 2023 às 09:34

Foto: Rafael Lampert/MDSA

 

Das 27 Unidades da Federação, 13 possuem um maior número de beneficiários do Bolsa Família que o de empregos com carteira assinada (o que exclui o setor público). O Rio Grande do Norte passou, neste ano, a ser um deles. Até o ano passado, este dado somava 12 estados, sendo o RN a única exceção na região Nordeste até 2022. Mas, agora, da mesma forma que os demais estados nordestinos, também registra mais beneficiários do Bolsa Família do que empregos formais. Além de todo o Nordeste, também há mais quatro estados do Norte nessa situação. Os dados são de fevereiro de 2023.

O Maranhão é o Estado onde a relação de dependência do benefício é mais forte. Há 2 famílias maranhenses recebendo Bolsa Família para cada trabalhador com carteira assinada no Estado. Antes da pandemia, eram oito estados com mais beneficiários que empregos formais. O número subiu para 10 em 2020, passou para 12 em 2022 com o Auxílio Brasil e, agora, já soma 13 estados. Já no Rio Grande do Norte, o número de beneficiados pelo Bolsa Família é de 522.218 e 458.743 pessoas com empregos formais, o que representa uma proporção de 1,14 beneficiários por emprego com carteira assinada.

O aumento dessa proporção se deve à ampliação de 49% no número de beneficiários do Auxílio Brasil no último ano do governo Bolsonaro. No último ano de gestão, o número de atendidos foi ampliado de 14,5 milhões de atendidos para 21,6 milhões Ao menos 3 milhões dos 7 milhões de novos beneficiários foram incluídos no programa nos três meses que antecederam as eleições.

Além disso, economistas também relatam que há um processo de mudança no mercado de trabalho: o aumento do emprego por conta própria (por opção ou falta de opção) e retomada mais forte no mercado informal. Quando se refere à queda de empregados com carteira por opção, o fenômeno conhecido por grande resignação. São pessoas que largam seus empregos formais com 40 horas semanais para trabalhar por conta própria. A tendência ganhou impulso nos Estados Unidos na classe média durante a pandemia e já atinge o Brasil. Já a saída da carteira assinada por falta de opção está mais relacionada às classes mais baixas.

Em novembro de 2022, a proporção de beneficiários por trabalhador com carteira atingiu, pela 1ª vez, 50%. Isso significa que, para cada 2 trabalhadores com carteira assinada, há uma família recebendo o auxílio do governo. A taxa chegou ao recorde histórico em janeiro (51,5% de beneficiários em relação aos empregados). Em fevereiro de 2023 (último dado disponível), ficou em 51,1%.

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