Entre as 229 mil pessoas desocupadas, aquelas que estão em busca de emprego formal (com carteira assinada) ou trabalho informal (sem carteira assinada ou outras formalidades), no Rio Grande do Norte, segundo dados do IBGE, está Alan Fernandes, que encontrou como alternativa ir às ruas de Natal com um cartaz em mãos pedir emprego. No cartaz, o homem de 24 anos também diz que a família passa necessidade e há dias em que “não tem nada para as filhas”.
Alan está desempregado desde o ano passado, quando a empresa de energia solar em que trabalhava no estado de São Paulo fechou as portas. Desde então, ele procura por uma nova oportunidade.
Hoje, Alan, a esposa, Edilane, e as três filhas, de um, três e quatro anos, moram de favor na casa da irmã dela. “Antes a gente ainda pagava aluguel, mas agora não temos condições. E aqui a casa também é alugada”, diz Edilane.
O imóvel alugado, de apenas três cômodos, é compartilhado por 11 pessoas, sendo quatro adultos e 7 crianças, a mais nova tem apenas dois meses de vida. Entre os quatro adultos, apenas o cunhado de Edilane tem trabalho fixo. “Ele começou a trabalhar tem poucos dias, ainda nem recebeu o primeiro pagamento”, esclarece ela.
A mãe de família diz que uma pessoa cedeu uma casa para que ela, o marido e as filhas morassem, mas que a família não pôde ir porque não tem os móveis necessários. “A gente não foi porque não temos fogão, cama, geladeira, os móveis básicos, e como nossas filhas são pequenas temos essa necessidade”, declara ela.
Edilane diz que depois que o marido começou a sair às ruas com o cartaz a procura de emprego, recebeu algumas ligações com propostas para trabalhos temporários, mas muitas vezes não pode ir porque não tem o dinheiro para pagar o transporte até o local. “Quando é perto ele vai”, afirma ela.
A única renda da família de Alan e Edilane no momento, é o benefício do Bolsa Família, em que eles recebem mensalmente R$250. “Nem dá pra muita coisa, os filhos da gente tem as necessidades deles. Precisam de fralda, leite. A gente quer dar algo melhor, mas no momento não temos como”, diz Edilane.
A taxa de desocupação se manteve em 15,5% no primeiro trimestre de 2021. Em relação ao trimestre anterior e também em relação ao primeiro trimestre de 2020, a taxa se manteve estável.
Desalentados são 118 mil
No primeiro trimestre de 2021 o IBGE contabilizou 118 mil desalentados no Rio Grande do Norte. Os desalentados são definidos como aqueles que estão fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguiu trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade. Esse número também se manteve estatisticamente estável em relação aos primeiro e últimos trimestres de 2020.
Na capital potiguar, a jovem, de 24 anos, Alana Sena diz que procurou emprego durante mais de um ano, até fora da área em que já tinha prestado serviços. “Eu tenho experiência em carteira como telemarketing, porém cheguei a mandar para vaga de faxineira por exigir menos experiência”, diz ela.
Alana afirma que a resposta mais frequente dos possíveis empregadores “é a falta de experiência”. Além disso, há vagas que têm exigências que não “casam” com a vaga. “Entendemos que sem oportunidade de aprender não se tem experiência. Outro dia fui em uma entrevista para recepcionista e umas das exigências era ter CNH e como eu não possuía, fui descartada de cara”, conta ela.
A jovem que é mãe de uma menina de 6 anos, diz que tem feito trabalhos como cabelereira autônoma para sobreviver e sustentar a filha. “A entrada de dinheiro, confesso, que é baixa e também tenho a ajuda de 250 reais do auxílio emergencial e é assim que venho sobrevivendo”, desabafa Alana.
Além das dificuldades com a falta de emprego, Alana diz que em setembro de 2020 teve um desentendimento com a família e precisou sair de casa. “Hoje, moro de forma provisória com uma amiga”, diz ela. “Dividimos as despesas da casa e o restante tenho que fazer, literalmente, um milagre. Tem sido um desafio diário conviver com a ideia de que eu tenho de fazer meu próprio dinheiro, mas foi a única alternativa que me restou”, desabafa a jovem.
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Taxa de subutilização
O Rio Grande do Norte atingiu a maior taxa de subutilização para um primeiro trimestre desde quando a pesquisa começou em 2012. São 709 mil pessoas subutilizadas, o que representa 40,1% do total da força de trabalho ampliada, um subgrupo do mercado de trabalho que soma a força de trabalho (ocupados e desocupados) e força de trabalho potencial (indisponíveis, desalentados e não desalentados).
Os subutilizados são pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas (trabalham menos horas do que poderiam ou gostariam) e pessoas da força de trabalho potencial (indisponíveis, desalentados e não desalentados).
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