Monumento mais antigo deixado no litoral brasileiro está exposto no Museu Câmara Cascudo – Foto: Dayvissom Melo
O Rio Grande do Norte completa 522 anos de história nesta segunda-feira (7). A data remonta ao dia em que o Marco de Touros, símbolo da colonização portuguesa, foi implantado pelas caravelas de André Gonçalves e Gaspar de Lemos em 7 de agosto de 1501.
O Marco de Touros é considerado, por historiadores, como o monumento mais antigo deixado no litoral brasileiro. A importância dessa data comemorativa foi oficializada pela Lei estadual 7.831, aprovada em 30 de maio de 2000. Desde então, o Estado celebra essa data como um momento de reflexão sobre sua trajetória histórica e a valorização de sua identidade cultural e potiguar.
Segundo o professor Henrique Lucena, especialista na história do Rio Grande do Norte, o Marco de Touros é um verdadeiro tesouro histórico e define a posse do território pelos europeus.
“O marco era uma representação da posse do território por parte dos portugueses com o brasão da dinastia de Avis, que representava também as relações do Reino português com a Igreja católica”, explica o professor.
Ainda de acordo com o professor, o objeto é uma representação do passado que convida à reflexão da complexidade e pluralidade da nossa história. Lucena cita, por exemplo, o descaso com o monumento ao longo dos anos. A peça foi retirada da região de Touros na década de 1980, devido à exposição e depredação por parte dos moradores locais, que a consideravam como elemento sobrenatural.
“As pessoas raspavam partes do monumento para chás contra todo tipo de doenças físicas e psíquicas. Tais danos podem ser observados ainda hoje no monumento”, detalha.
Saiba mais:
Atualmente, o Marco de Touros está no Museu Câmara Cascudo, mantido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A coluna de mármore, com 1,20m de altura, permanece ereta. Apesar das fraturas e remendos, as gravuras em relevo da Cruz da Ordem de Cristo e o escudo português ainda são visíveis.
No entanto, ressalta Henrique Lucena, faltam, além da preservação física, outras ações para fortalecer o ensino da formação histórica e geográfica do território potiguar. Ele justifica isso com a retirada de conteúdos sobre o Rio Grande do Norte do ensino básico, em especial do ensino médio.
“Da mesma maneira que não conhecemos a importância e o significado da chegada dos portugueses às terras que um dia se transformam na capitania do Rio Grande, também nos afeta em relação à memória das populações indígenas e de origens africanas que povoaram o território do Rio Grande do Norte nos últimos cinco séculos, indicando uma carência tanto do ponto de vista educacional, como potencialmente de reconhecimento de uma identidade de cidadania e consequente valorização da cidade de Natal e do Rio Grande do Norte de maneira geral”, encerra Henrique Lucena.
Forte dos Reis Magos – Foto: Elisa Elsie
Apesar de deixada no litoral potiguar para demarcar a posse portuguesa, a colonização efetiva do estado só aconteceu anos depois. Em 1530, o rei de Portugal dividiu o Brasil em capitanias hereditárias, e as terras que hoje compreendem o Rio Grande do Norte ficaram sob responsabilidade de João de Barros e Aires da Cunha. A primeira expedição de colonização ocorreu por volta de 1535. Mais de 60 anos depois, em 25 de dezembro de 1597, uma nova expedição comandada por Mascarenhas Homem e Jerônimo de Albuquerque desembarcou no litoral potiguar. A missão tinha como objetivo expulsar os franceses que invadiram anos antes a região.
Em 1599, para garantir maior proteção ao território, os portugueses inauguraram a Fortaleza dos Reis Magos. Nas proximidades da estrutura militar se formou o povoado que, segundo alguns historiadores, hoje é conhecido como a cidade do Natal, atual capital do Rio Grande do Norte.
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