O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Senado para identificar quem autorizou a entrada do militante bolsonarista suspeito de terrorismo na Casa em 30 de novembro. No ofício enviado nesta segunda-feira (26) ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o parlamentar solicitou os nomes dos responsáveis pela audiência pública em que George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, esteve presente.
Randolfe também pediu esclarecimentos sobre a possível presença de Sousa no gabinete de algum parlamentar no Senado após a audiência, que ocorreu em reunião extraordinária da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle da Casa, solicitada pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nas imagens também foi identificada a presença do segundo suspeito de terrorismo, Alan Diego dos Santos Rodrigues, 32, que seria cúmplice de George Oliveira”, diz nota divulgada pela assessoria de Randolfe.
“O Congresso Nacional, em hipótese alguma, pode ser abrigo para terroristas. Isso é um absurdo sem precedentes. Precisamos dar uma resposta ao povo e mostrar que a Casa de leis não é conivente, de forma alguma, com esses criminosos”, declarou Randolfe. O parlamentar será o líder do novo governo Lula no Congresso a partir de 2023.
Desde o fim da eleição, apoiadores de Bolsonaro estão acampados em frente a instalações militares para pedir que as Forças Armadas impeçam a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Na noite de sábado (24), véspera de Natal, autoridades policiais prenderam Souza em flagrante por atentado contra o Estado. Ele se diz gerente de posto de gasolina no Pará e confirmou que tem ligação com os acampamentos bolsonaristas.
Sousa confessou ter tentado explodir um caminhão de combustível perto do aeroporto da capital federal para provocar falta de energia e dar início, segundo ele, a um caos que levasse à decretação de um estado de sítio no País. Ele também planejava explodir uma bomba no estacionamento do aeroporto. A prisão do acusado foi convertida em preventiva pela Justiça comum do Distrito Federal, o que faz com que ele perca o direito de responder ao processo em liberdade, mesmo sem ter antecedentes criminais.
Nesta segunda-feira, o Senado decidiu proibir a entrada de visitantes até a posse de Lula, em 1º de janeiro. A Secretaria de Polícia da Casa divulgou um comunicado em que cita a necessidade de reforço na segurança da Praça dos Três Poderes “diante dos últimos acontecimentos”. Pelas regras do Senado, visitantes só podem entrar com autorização direta dos gabinetes, das comissões ou da Presidência.
As medidas adotadas, que valem durante toda a semana que antecede a posse, incluem a obrigatoriedade de servidores, funcionários terceirizados e prestadores de serviços passarem por raio X e detectores de metais antes de entrar nas dependências do Senado. Além de visitantes, também ficarão proibidos de acessar a Casa entregadores de alimentos e motoristas de aplicativos. As entregas e os desembarques de passageiros deverão ser feitos na área externa do Congresso.
Também não será permitida a entrada de correntistas que não trabalhem no Senado nas agências bancárias localizadas na Casa. “Apenas senadores, servidores, profissionais terceirizados e estagiários poderão utilizá-las”, diz o comunicado.
Mais cedo na segunda-feira, no Twitter, Pacheco disse que não há lugar no Brasil para atos análogos ao terrorismo. “As eleições se findaram com a escolha livre e consciente do presidente eleito que tomará posse no dia 1º de janeiro. O Brasil quer paz para seguir em frente e se tornar o país que todos nós desejamos!”, escreveu.
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