Depois de um acidente de moto na Via Costeira, 12 anos atrás, Cícero recebeu o diagnóstico: lesão do plexo braquial. “Acordei no hospital, achando que tinha sido uma coisa simples. Foi chocante ouvir do médico que eu não poderia mais mexer o braço”, relembra ele, que trabalhava como barman na época. O plexo braquial é um conjunto de nervos do pescoço, que ligam a medula espinhal e o cérebro aos membros superiores, controlando os músculos do ombro, cotovelo, punho e mão. No caso de Cícero, a lesão foi completa e permanente.
Ele conta que gostava de jogar bola com os amigos e lamentava não poder mais praticar esporte. Até que um colega do novo trabalho falou sobre um professor que treinava Parataekwondo com pessoas com deficiência. “Eu respondia que ia conhecer, mas sempre deixava pra depois. Até que o professor foi ao meu encontro e me fez o convite. Comecei a treinar, e logo ficou pra trás o pensamento de que eu não poderia mais fazer esporte”.
O professor era Rogério Santos, hoje na Sadef (Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN), que de cara percebeu o potencial do novo aluno. “Ele sempre foi muito dedicado e aplicado nos treinamentos. Em menos de 5 anos, já coleciona títulos no Estado, no Nordeste e no Brasil. Destaque para as duas medalhas nos últimos Brasileiros de Parataewondo”, diz. Conquistas que levaram o potiguar à seleção brasileira da modalidade.
Cícero acaba de voltar de São Paulo, onde participou do Draft 2022, uma semana de treinamentos e avaliações para a formação da Seleção. Treze atletas foram avaliados por meio de protocolos físicos, técnicos e táticos estabelecidos pela comissão técnica. O paratleta da Sadef alcançou a pontuação necessária para integrar a equipe. A CBTKD anunciará, em breve, os atletas que disputarão o Pan-Americano de Parataekwondo, próximo mês, no Rio de Janeiro.
“Lutei muito por essa convocação, estou muito feliz. No Pan, meu objetivo é trazer uma medalha pro Rio Grande do Norte”, diz. Cícero faz questão de citar o apoio que sempre recebeu da família: “Eles são tudo pra mim, me deram toda a ajuda e incentivo para seguir no esporte”.
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