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Polícia cumpre mandado de busca e apreensão em ‘casa abandonada’ em Higienópolis

por: NOVO Notícias

Publicado 21 de julho de 2022 às 06:31

No imóvel vive Margarida Bonetti, conhecida como “A Mulher da Casa Abandonada”, no bairro de Higienópolis, em São Paulo – Foto: Isaac Fontana/CJPress/Estadão Conteúdo

A Polícia Civil de São Paulo cumpriu, nesta quarta-feira (20), um mandado de busca e apreensão em uma casa nos arredores da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na zona central de São Paulo. O objetivo foi averiguar o possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência. Um cachorro foi resgatado.

A “casa abandonada” ficou famosa após a Folha de S.Paulo lançar um podcast (A Mulher da Casa Abandonada) sobre uma mulher suspeita de manter uma faxineira brasileira em trabalho análogo à escravidão por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. Conforme o podcast, o marido da acusada foi condenado pelo crime no começo dos anos 2000, mas a mulher retornou ao Brasil antes de responder à Justiça americana. Desde então, ele vive na casa da família, onde mora sozinha.

A Secretaria de Segurança Pública informou que policiais civis do 4º Distrito Policial (Consolação) cumpriram um mandado de busca e apreensão para averiguação de crime de abandono de incapaz na tarde desta quarta na casa, que fica na Rua Piauí. “Diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos”, informou a pasta.

Uma das primeiras a entrar na casa na ação desta quarta, a delegada de Polícia Assistente da 1ª Delegacia Seccional Centro Vanesa Guimarães explicou que os agentes de polícia chegaram a ir até a casa da mulher na semana passada. Porém, a moradora não autorizou a entrada. “A ordem judicial foi concedida e hoje nós fomos cumprir.”

Ao chegar no local, por volta de 15h, a delegada explica que a mulher foi “muito resistente” com os policiais e não queria deixar que o mandado fosse cumprido. “Em um primeiro momento, por ser idosa, respeitamos essa condição”, diz Vanesa. “Mas ela começou a argumentar que não ia abrir e começou a falar frases desconexas.”

A delegada conta que os policiais, então, começaram a enfatizar que se tratava de um mandado judicial e que teriam de entrar na casa para apurar a situação. “Quando viu que não tinha jeito, ela autorizou minha entrada e de uma escrivã de polícia que estava comigo, por sermos mulheres. Entramos pela janela da quarta dela”, relata a delegada. “Tinha muita coisa na casa, um odor insuportável.”

Após esse momento inicial, Vanesa conta ter liberado a entrada de equipes de perícia da Polícia Civil e da Prefeitura de São Paulo para o cumprimento do mandado. “Dentro do porão, foi encontrado um cachorrinho com indícios de maus-tratos, que não estava nem conseguindo andar. Ele foi resgatado por uma ONG”, disse ela, relatando que o animal tinha dificuldade de locomoção.

Por conta da repercussão do caso, a apresentadora de TV Luisa Mell participou da ação junto à polícia e transmitiu nas redes sociais. Dezenas de pessoas, além disso, se aglomeraram na frente da residência para acompanhar a incursão da polícia. O imóvel teve de ser isolado pelos agentes.

“Alguns policiais seguem por lá para garantir a segurança dela. Tem muita gente, então acabou criando um certo tumulto”, contou Vanesa. “A gente deixou o interior da casa e equipes de Saúde e Assistência ficaram conversando com ela, para ver se tem condições dela ficar na casa. O objetivo é apurar se há indícios de abandono de incapaz da família em relação a ela, mas isso são os médicos que vão dizer.”

 

Denúncia de desvio de energia elétrica é infundada, diz delegada

Durante a ação, a delegada conta ainda que os policiais averiguaram outros cômodos da casa abandonada, mas não encontraram irregularidades aparentes. Segundo ela, havia relatos de que a moradora mantinha gatos de estimação em condições insalubres e de que a moradora desviaria energia elétrica de prédios vizinhos.

No entanto, nenhuma dessas denúncias se concretizou. “Hoje, até uma equipe da Enel foi até o local para acompanhar a situação, mas verificaram que não havia “gato” (desvio de energia elétrica)”, disse Vanesa. “As contas são todas pagas e não há nenhum gato de energia e de água. O que não feito era a leitura do padrão de luz desde 2010. Agora conseguiram efetuar a leitura para fazer o cálculo correto.”

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