Animosidade entre o atual e o ex-presidente foi o que mais se destacou no encontro, tendo extrapolado o palco e chegado até os bastidores, onde apoiadores de ambos quase chegaram às vias de fato
Publicado 29 de agosto de 2022 às 16:00
O primeiro debate presidencial das eleições de 2022 aconteceu neste domingo e durou cerca de três horas. Realizado por um pool de veículos de imprensa que reúne a TV Bandeirantes, a TV Cultura, o jornal Folha de São Paulo e o portal UOL, e transmissão da TV Band, contou com a participação dos candidatos Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’ávila (Novo), Lula (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (UB).
Apesar de contar com a participação de seis presidenciáveis, o encontro da noite deste domingo ficou marcado pela polarização entre os candidatos Bolsonaro e Lula e pelo posicionamento firme das candidatas mulheres, Simone Tebet e Soraya Thronicke, que se sobressaíram e marcaram território, apesar de que isso dificilmente se reverterá em votos. O debate se mostrou mais acalorado quando perguntas e respostas envolviam Lula e Bolsonaro, e ainda mais ferrenho quando o momento era entre eles, como na primeira pergunta de Jair Bolsonaro, direcionada ao ex-presidente e com o tema corrupção. Ao formular o questionamento, o presidente chegou a dizer que o governo de Lula foi o mais corrupto da história, chamando-o de “uma cleptocracia”.
Em resposta, o ex-presidente se defendeu dizendo que combateu a corrupção, e fez acusações, a exemplo do adversário, dizendo que Bolsonaro apenas fala bravatas. “As pessoas precisam saber que inverdades não valem a pena na televisão. Citar números mentirosos não vale a pena. Não tem nenhum presidente da República que mais fez (no combate à corrupção), Lei Anticorrupção, AGU, fizemos Coaf funcionar”, disse Lula.
O embate entre Bolsonaro e Lula se estendeu para além do palco do debate. Nos bastidores, um desentendimento chamou a atenção e quase terminou em vias de fato. Uma discussão acalorada entre o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e o deputado federal André Janones (Avante-MG), movimentou a produção do debate que precisou acionar a segurança da TV para evitar maiores conflitos entre os dois. As trocas de ofensas só cessaram quando os servidores separaram a dupla.
A polarização tornou-se também tema de observação de outros candidatos, como o ex-ministro Ciro Gomes, que em dado momento de fala atribuiu à Lula a ascensão de Bolsonaro na política. “Não acho que Bolsonaro desceu de Marte. Bolsonaro foi um protesto absolutamente reconhecido contra a devastadora crise econômica que o Lula e o PT produziram”, disse o candidato do PDT para o ex-presidente.
A candidata Soraya Thronicke também aproveitou uma oportunidade para fazer críticas à dupla Bolsonaro e Lula. Em um questionamento sobre religião e liberdade religiosa no Brasil, ela citou um modo de agir que vê semelhança entre os governos do ex e do atual presidente.
“Dizíamos sempre, lá atrás, que o PT nos separava. Separava para conseguir manipular e manobrar todo mundo. Este governo está fazendo a mesma coisa. Age da mesma forma”, disse a candidata Soraya Thronicke criticando os governos de Lula e Bolsonaro ao responder uma pergunta sobre religião.
Já a candidata Simone Tebet usou o seu espaço nas considerações finais para lamentar a polarização. “Lamentável! Lamentável no país da fome, da miséria, do desemprego e do desalento, termos dois candidatos falando do passado, alimentando o ódio, dividindo as famílias e polarizando o Brasil”, disse a candidata do MDB que completou: “Triste o Brasil que tem que escolher entre o petrolão e mensalão do PT e o escândalo de corrupção da educação e do orçamento secreto do atual governo”.
Apesar de oferecer críticas a diversas políticas e atuações, incluindo as de Lula e Bolsonaro, o candidato Luiz Felipe D’Ávila foi o único que evitou falar da polarização entre o atual e o ex-presidente durante o debate deste domingo.
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